Em meio à crise dos aeroportos, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, decidiu engajar-se pessoalmente para tirar do papel um projeto de US$ 9 bilhões, há tempos sonhado por paulistas e cariocas: a construção de um trem de alta velocidade para ligar as duas maiores cidades do país. Em visita oficial à Itália, prevista para esta semana, Dilma incluiu na sua agenda reuniões no Banco Europeu de Investimentos (BEI, com sede em Roma) e com empresários italianos interessados em construir os
Como se pode imaginar em um empreendimento desse porte, todos os números são superlativos. São
José Francisco das Neves, presidente da Valec, estatal vinculada ao Ministério dos Transportes que desenvolveu o projeto, garante que não. Os projetos básicos e executivo – os dois primeiros passos em um empreendimento de infra-estrutura – já estão prontos. Em breve estará concluído também o estudo de impacto ambiental. Aos poucos, vários interessados começaram a surgir: o grupo italiano Impregilo, aliado a um pool de empreiteiras brasileiras – Odebrecht, Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa -, a francesa Alstom e o consórcio coreano Korean Train Express. Será um projeto 100% privado. Faremos toda a blindagem para não colocar dinheiro público. Não há nada a perder.
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Neves acredita que o trem-bala poderá ser licitado no fim deste ano ou no início do ano que vem. Apresentada recentemente ao projeto, Dilma gostou da idéia e sinalizou inclusive que pretende colocá-lo entre as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Mas quer cercar-se de cuidados. Por exemplo, não transformar o projeto num elefante branco, muito menos ouvir pedidos dos investidores, no futuro, de participação estatal porque as obras estão ficando caras.
Ao mesmo tempo, Dilma pretende deixar claro aos investidores privados e aos bancos dispostos a financiar o projeto – o BEI, o BNDES, o BID e o BNP Paribas, entre outros – que o governo brasileiro decidiu encampá-lo para valer. Não é pouca coisa. Segundo Neves, da Valec, trata-se de uma excelente oportunidade de investimento. Apesar do custo de US$ 9 bilhões, o grupo privado que ganhar a licitação vai operar em regime de concessão durante 35 anos, que só começam a contar após a conclusão da obra.
O retorno virá a partir do 11º ano de operação, segundo os estudos de viabilidade econômico-financeiros. Mas, para isso acontecer, as premissas soam, à primeira vista, bastante desafiadoras – e muitos podem considerá-las duvidosas. Nos estudos, prevê-se que o trem transportará 32,5 milhões de passageiros no primeiro ano de operação. O que significa abocanhar exatamente 50% de todo o fluxo de pessoas que percorrem anualmente o trajeto Rio-São Paulo – segundo números de 2006, 60,2 milhões de pessoas pela Nova Dutra, 3,3 milhões pela ponte aérea e 1,3 milhão de passage
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