Durante o regime militar, o pernambucano Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, gravou uma música que tinha os seguintes versos: “Pra frente, pra frente, meu Goiás. O Prodoeste chegou
Na tarde de sexta-feira, 18, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez sua terceira viagem ao Tocantins. Ao lado do governador Marcelo Miranda, do PMDB, o presidente garantiu que até 2010, quando termina seu mandato, vai concluir a Ferrovia Norte-Sul no Estado. E a prova de que não se trata de simples promessa é que Lula fez essa declaração depois de inaugurar o trecho da ferrovia entre Aguiarnópolis e Araguaína, onde foi entregue um Pátio Multimodal. Até o final deste ano, outro trecho da Ferrovia Norte-Sul, entre Araguaína e Guaraí, também será entregue, com a estimativa de gerar 7 mil empregos diretos e indiretos. A obra — idealizada no século XIX, por grandes engenheiros da corte de Dom Pedro II, como o negro André Rebouças — foi iniciada no governo do presidente José Sarney, em 1987. Mas encontrou fortes resistências do Sul e Sudeste, que denunciaram a obra como uma nova Transamazônica, que ligaria o nada a lugar nenhum.
Hoje, a realidade é completamente distinta e a Ferrovia Norte-Sul encontra muito menos opositores do que a polêmica transposição do Rio São Francisco. O desenvolvimento do agronegócio no Centro-Oeste brasileiro, sobretudo com a explosão da cultura de soja, invalidou o antigo discurso de que a ferrovia não teria viabilidade econômica. E a perspectiva de produzir bionergia no cerrado torna a Norte-Sul ainda mais promissora. O Tocantins, que integra essa nova fronteira agrícola, será um dos Estados mais beneficiados pela conclusão da Ferrovia Norte-Sul. Mas seu impacto não deve se limitar aos Estados do Centro-Oeste. A Norte-Sul tende a ser a ferrovia da integração nacional, cumprindo, sobretudo economicamente, um papel que a Belém-Brasília cumpriu mais socialmente. Enquanto a Belém-Brasília transportava paus-de-arara, povoando as grandes metrópoles, a Norte-Sul vai transportar riqueza, integrando competitivamente o Centro-Oeste aos principais mercados do pais e do mundo.
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Monopólio político— Na primeira metade do século passado, a Revolução de 30 rompeu com a histórica política do café-com-leite, que mantinha o monopólio político do país em poder dos Estados de São Paulo e Minas Gerais. Vindo do Rio Grande do Sul, Getúlio Vargas pacificou o Nordeste, então tomado por cangaceiros, e abriu o Centro-Oeste para o país, com a famosa Marcha para o Oeste, que inaugurou dezenas de cidades no sertão. O custo dessa interiorização do país foi a Guerra Constitucionalista com São Paulo, que se ressentia de não ser mais o centro do poder, com os barões do café. Os militares — quase tão ditadores quanto Getúlio Vargas — também saíram das grandes metrópoles (muito resistentes às ditaduras) em busca do interior do Brasil. Há estudos que mostram que os governos militares investiram muito na agricultura goiana. E a consolidação de Brasília como capital do país — dando novo
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