O Plano Nacional de Logística e Transportes (PNLT), elaborado pelo governo federal, está quase pronto: sairá oficialmente em setembro, com indicações estratégicas para o setor por uma década e meia, até 2023. A retomada do planejamento de longo prazo pelo Ministério dos Transportes chegou a duas conclusões importantes. A primeira é que serão necessários R$ 172,4 bilhões no período. A outra é mais urgente: os investimentos previstos entre 2008 e 2011 no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) serão insuficientes. Segundo reportagem publicada nesta segunda-feira pelo jornal “O Globo” , empresários e especialistas concordam que não está afastado o risco de um apagão na infra-estrutura, com a repetição, em portos, estradas e ferrovias, do caos que os aeroportos estão vivendo há dez meses.
O PNLT indica que, entre 2008 e 2011, será necessário investir R$ 72,7 bilhões no setor de transporte em todo país, ou seja, pelo menos R$ 18,2 bilhões por ano. O PAC, entretanto, só prevê investimentos em logística de R$ 36 bilhões entre 2008 e 2010, ou seja, R$ 12 bilhões por ano. Todos os setores registram déficit.
Nilton Gibson, vice-presidente da Confederação Nacional do Transporte (CNT), mostra-se alarmista. Para ele, além de o orçamento do PAC estar aquém das necessidades, o setor sofre com as promessas governamentais, que, sempre renovadas, repetidamente não são cumpridas.
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– Nós realizamos estudos próprios, que indicam um déficit de R$ 30 bilhões em investimentos, além do anunciado pelo governo para os próximos anos. Tudo isso levando em conta que todos os recursos anunciados chegarão às obras. Mas, pelo que estamos acompanhando, as promessas do PAC não estão saindo do papel – afirmou o vice-presidente da CNT.
Os investimentos necessários para o período entre 2008 e 2023 estariam divididos da seguinte forma: R$ 74,2 bilhões em rodovias, R$ 50,6 bilhões em ferrovias (que alcançariam a dianteira dos investimentos no período 2015-2023), R$ 12,8 bilhões em hidrovias, R$ 25,2 bilhões em portos e R$ 9,6 bilhões em aeroportos.
Rio precisa de investimentos de R$ 13 bilhões
Entre as obras previstas, estão um novo porto na região de Campos e um terminal na Ilha de Pombeba (formada pela areia deslocada pelo Porto do Rio, na Baía de Guanabara). Nas rodovias, os destaques do projeto são as duplicações da descida da Serra das Araras, na Via Dutra, e do trecho da Rio-Santos entre a Avenida Brasil e Itacuruçá.
O governo também pretende investir R$ 8,276 bilhões em ferrovias. Apesar disso, não está previsto no plano o trem de alta velocidade entre Rio e São Paulo. O projeto está sendo gestado e prevê investimentos de US$ 8 bilhões para ligar as cidades por trilhos em 86 minutos.
– Esse projeto não está incluído no PNLT pois não está totalmente concluído, mas é importante e o governo, certamente, dará prioridade a ele – informou o secretário-executivo do Ministério dos Transportes, Paulo Sérgio Passos.
Essa nova ferrovia é essencial para que um fenômeno que já está ocorrendo – o trânsito cada vez mais intenso entre pessoas de Rio e $ão Paulo – seja intensificado. O estudo elaborado pelo ministério em parceira com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), da USP, indica que o movimento dos passageiros entre as mais importantes capitais do país nos transportes coletivos vai crescer 160% entre 2007 e 2023, passando dos atuais 6,5 milhões por ano para 17,4 milhões. Como na previsão não está sendo levado em conta o futuro trem-bala, isso poderá ser potencializado.
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