Quando embarcar de volta pa ra a capital da Inglaterra no próximo fim de semana, o prefeito da City de Londres (Bolsa de Valores), Lord Mayor John Stuttard, vai levar na bagagem um projeto do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a construção, no Brasil, de uma espécie de ferrovia Transamazônica. A exemplo da polêmica rodovia aberta nos anos 70 em plena selva equatorial, o megaempreendimento logístico visa a intensificar a integração da região Norte ao restante do país.
Ainda sem valor definido, mas provavelmente na casa dos bilhões de dólares, o projeto foi apresentado na última segunda-feira, em reunião reservada na sede do banco, ao coordenador do mercado de capitais londrino. Ontem, Stuttard – que ostenta um cargo equivalente a prefeito do mercado de capitais britânico – revelou a disposição de estimular a participação de capitais do Reino Unido no empreendimento.
Além de bancos e outros investidores, a participação, segundo ele, poderia se dar por meio de algumas das principais consultorias de engenharia e empresas de design londrinas.
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– Essas empresas contribuíram, nos séculos 19 e 20, para a implementação das primeiras rodovias do Brasil – comparou Stuttard. – Isso poderia ocorrer novamente, como uma forma de reaproximação entre os dois países, que hoje vivem distantes por um problema de comunicação de corrente de visões distorcidas dos investidores de ambos os lados. Tanto a imagem do Brasil para os britânicos quanto a dos britânicos para os brasileiros está defasada em pelo menos 10 anos.
Procurada, a diretoria do BNDES desconversou sobre o projeto da ferrovia, ao revelar que sua existência foi mencionada, de forma hipotética, como um possível empreendimento logístico não-agressivo ao meio ambiente. Não haveria, portanto, qualquer projeto concretamente estruturado pelo banco. Tal informação, de qualquer forma, não coincide com o relato de Lord Stuttard, que também participou ontem, na sede da Petrobras, de uma reunião com o presidente da estatal, José Sergio Gabrielli.
De acordo com a autoridade da City de Londres, técnicos do banco informaram que o empreendimento ferroviário poderia tornar viável a integração regional do país com menor impacto no meio ambiente. Ao contrário das rodovias, argumentam os técnicos, a ferrovia não estimula a ocupação urbana da área de entorno do empreendimento. Tal preocupação se adequa às normas de meio ambiente de investidores das mais modernas praças econômicas.
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