O atraso na conclusão das obras do metrô de Fortaleza não se reflete apenas na falta de mais um sistema de transporte à população. Pesa também no bolso dos contribuintes. Para a conclusão do trecho Sul, que vai do Centro até a estação Vila das Flores, em Maracanaú, será investido quase um bilhão e meio de reais (R$ 1.446.179.274,00). Até 2010, data prevista para a liberação da maior parte do trecho Sul, até a estação São Benedito, os valores chegam a um bilhão e cem milhões de reais, de acordo com dados da Companhia Cearense de Transporte Metropolitanos (Metrofor).
Se ele tivesse sido efetivamente concluído conforme o projeto inicial, de 1997, o custo 0seria bem inferior. Na época, a soma dos valores do empréstimo realizado entre banco japonês Eximbank, de US$ 268 milhões, com o aporte do Governo Federal somava US$ 502 milhões. Em valores do dólar da época, o total de gastos previstos para a conclusão das obras em 2001, em reais, chegava a aproximadamente R$ 530 milhões.
Algo que dá prejuízo é obra paralisada, lembra o diretor-presidente do Metrofor, Rômulo dos Santos Fortes. Ele explica que, além do custo de manutenção para não perder os materiais já construídos, existe também a adequação de tecnologia do que já foi empregado e outros investimentos que simplesmente se perdem. Somente o custo para manter as bombas de água funcionando ininterruptamente e evitar problemas na parte subterrânea é altíssimo, completa Fortes.
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Para este ano, a liberação dos mais de R$ 361 milhões previstos estão sendo liberados em dia. A União liberou R$ 80 milhões dos R$ 181 milhões para este ano. E o Governo do Estado liberou R$ 12 milhões até o momento. Com estes recursos, estão sendo construídos o trecho elevado da Parangaba, feita manutenção no metrô e sendo realizadas as desapropriações restantes.
Segundo estimativas do Tribunal de Contas da União (TCU) realizadas em 2005, as perdas com a paralisação das obras chegavam a valores entre US$ 5 milhões e US$ 6 milhões anualmente. No período compreendido de três anos, entre 2002 e 2005, por exemplo, quando os valores eram insuficientes mesmo para arcar com as dívidas, o prejuízo final pode ter chegado a US$ 18 milhões. A questão não é somente financeira. Com paralisação, é preciso mobilizar todos novamente, lembra Fortes.
O professor de Economia da Universidade de Fortaleza, Cláudio André Nogueira, lembra ainda que as obras do metrô podem acabar tendo prejuízos devido à variação cambial existente em uma década. Em 1997, por exemplo, um dólar equivalia a R$ 1,016. Já em dezembro de 2002, pela mesma relação, a moeda americana valia aproximadamente R$ 3,60. Dessa forma, algum material que foi adquirido pelo dólar dessa época teve seu valor aumentado em torno de três vezes, quando comparado a 1997. É um risco que você acaba gerando, porque a variação cambial pode acabar prejudicando o andamento das operações nesse caso, diz André.
ATRASOS
Em 1999, a previsão dos dirigentes era que Metrofor fosse entregue à população até 2002, 30 meses depois de iniciadas as obras.
5/1/01 – Em uma visita às obras do trecho subterrâneo do metrô, o então diretor-presidente do Metrofor, Luiz Eduardo Barbosa de Moraes, disse que concluiria as obras durante o segundo semestre de 2002, confirmando a previsão de dois anos atrás. Na mesma visita, estava o então secretário da Secretaria da Infra-estrutura, Maia Júnior. No governo Lúcio Alcântara, o titular da Seinf seria Luiz Eduardo.
7/11/01 – O mesmo diretor, Luiz Eduardo, reconhece que a entrega do metrô poderá ser adiada. O prazo previsto era até julho de 2004. Lentidão das desapropriações e características do solo e dificuldades na liberação dos recursos estão entre os problemas para o atraso.
2/7/2002 – O Ministério dos Transportes libera R$ 13 milhões para a obra. A suplementação de R$ 37 milhões foi aprovada, mas não liberada. O dinheiro não vem e as empreiteiras começam a dem
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