Enquanto no Brasil a carga geral é pouco transportada pela ferrovia, devido a falta de terminais de transbordo e a de contêineres domésticos (os contêineres marítimos estão vinculados a armadora), a Europa, que possui o modelo estatal para as ferrovias, optou pela oferta apenas da tração das composições de carga, ficando o serviço de terminais e a aquisição dos vagões por conta das operadoras de transporte de carga.
Na França, de acordo com o “Rapport sur le transport combiné”, do Conseil National des Transports (2005), a Novatrans e a Compagnie Nouvelle de Containers são arrendatárias das instalações de carga junto às estações ferroviárias e operam como empresas rodoviárias, na coleta e distribuição das mercadorias, concentrando os grandes volumes nos terminais ferroviários através do transporte combinado, utilizando o contêiner doméstico, lá denominado de caixa móvel. O contêiner marítimo é utilizado quando o tráfego é de exportação ou importação. O transporte combinado também utiliza vagões para o transporte de carretas, as quais são embarcadas com o emprego de pórticos com pinças.
A SNCF, empresa estatal ferroviária da França, efetua apenas a tração das composições, as quais têm horários fixos de partida e chegada, trafegando a velocidade de 150 Km, em trens leves e curtos.
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As duas operadoras, CNC e Novatrans, disputam o mercado francês, trabalhando lado a lado, com seus trens circulando nas mesmas linhas, condições que resultam em serviços eficientes, voltados às necessidades dos clientes, com tarifas menores que as rodoviárias.
O serviço de alta velocidade e com hora marcada permite abastecer o mercado parisiense com produtos hortifrutigranjeiros e pescados frescos, embarcados nas regiões produtoras do Mediterrâneo.
Na Europa, também segundo o Conseil National des Transports (2005), o serviço de carga tem as mesmas características e outras operadoras, além da Novatrans e CNC, também oferecem serviços atendem a França, Alemanha, Bélgica, Itália, Suíça, Holanda e Europa Oriental.
O serviço de carga na França e em toda Europa Ocidental dispõe de material rodante especializado utilizando vagões especializados para todos os tipos de carga, tracionado por locomotivas elétricas potentes, multi-voltagem condição que permite a circulação em diversos países, que atingem altas velocidades.
Sílvio dos Santos é gerente de Transportes Hidroviários e Marítimos da Secretaria de Infra-Estrutura de Santa Catarina. Foi engenheiro do Metrô-SP, Fepasa, Ferronorte e Figueiredo Ferraz.
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