São 16h30 de terça-feira. O trem de passageiros da Estrada de Ferro Vitória a Minas acaba de passar por Antônio Dias, cidade às margens do Rio Piracicaba, um dos afluentes do Rio Doce,
A estrutura, montada em uma travessa ao lado da Matriz de Nossa Senhora de Nazaré, construída há 270 anos, é o palco do projeto Cinema nos Trilhos. Lançada em 2005 no Pará e no Maranhão, a iniciativa da Fundação Vale do Rio Doce chega, neste ano, a cinco comunidades mineiras e três capixabas cortadas pela ferrovia. Por uma noite, a população de Fundão, João Neiva e Baixo Guandu, onde não há sala de exibição, terá uma sessão de cinema gratuita, ao ar livre.
POD NOS TRILHOS
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Fascínio . “O objetivo é resgatar um pouco da magia e da importância do cinema onde muitas pessoas não viram esse universo”, diz o gerente de projetos da Fundação, Sérgio Dias. São pessoas como a chapeleira Conceição dos Reis, que nunca foi ao cinema e não possui televisão em casa. “De manhã e à tarde, cuido da casa. À noite, vou para a igreja e tranço”, conta a artesã, que no trançado da palha produz os chapéus vendidos a R$ 2 cada unidade. “O pessoal compra, mas não tem valor”.
A cidade de Antônio Dias, com seus dez mil habitantes, tem no minério a sua principal fonte de renda. “Tinha um cinema aqui, quando eu ainda era criança. Vou fazer o possível para ir hoje, fechar o comércio mais cedo”, conta seu Benedito de Oliveira Silva, 55, dono de uma mercearia próxima à parada do trem.
A sessão começa com um vídeo institucional da empresa. Um dos objetivos do projeto é melhorar a relação das comunidades com a linha férrea. Em Fundão, na Região Metropolitana de Vitória, por exemplo, os acidentes acontecem com freqüência. “Apesar de existir viaduto e passarela, as pessoas insistem em atravessar a linha”, diz Célia Curto, diretora do Departamento de Cultura da cidade. Mas as ações da companhia acontecem apenas uma vez por ano. “De um modo geral, a Vale ajuda o município. Mas projeto cultural, o que eles têm feito é só isso”, complementa.
Em cada município por onde passa o projeto, é produzido um documentário com personagens e histórias do lugar. “É um evento que mobiliza toda a cidade. Uma troca intensa da equipe com a comunidade”, analisa Inácio Neves, produtor do Cinema nos Trilhos. Depois de exibido o documentário, o público pode assistir à animação “Albertinho”, do Projeto Animação, ao curta “Da Janela do Meu Quarto” (
“O diferencial deste ano são os curtas”, diz Sérgio Dias. O projeto é financiado pela lei de incentivo à cultura, e o investimento foi
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