O presidente da Siemens do Brasil, Adilson Antonio Primo, disse ontem aos alemães, em Blumenau (SC), durante o último dia do 25º Encontro Econômico Brasil-Alemanha, que o Brasil precisa de investimentos da ordem de R$ 88 bilhões em infra-estrutura e logística nos próximos 10 anos, para sustentar um crescimento de 5% ao ano. Primo, que é também vice-presidente da Associação Brasileira de Infra-Estrutura e Indústrias de Base (Andib), afirmou que a participação estrangeira será fundamental, já que 30% dos recursos virão do governo e 70% da iniciativa privada. A China investe quatro vezes isso, disse.
Para o presidente do Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada (Sinicon), Luiz Fernando Santos Reis, será difícil concretizar estes volumes. O PAC é uma tentativa de chegar perto, disse. Na área de transporte, segundo ele, os passos dados pelo governo para a concessão de rodovias e na recuperação da malha rodoviária são importantes e não falta dinheiro para o setor, mas falta sim, gestão. Neste ano, o índice de execução orçamentária do Ministério dos Transportes não chegou a 30%.
Primo afirma que o movimento de empresas alemãs investindo no Brasil apenas começou e ainda é tímido e cita o exemplo de companhias que acabaram de se instalar no território nacional, como, como a usina siderúrgica da Thyssen Krupp, produtora de aço, que está com grande projeto no Rio de Janeiro de € 3 bilhões. Esta empresa está construindo um terminal portuário e vai demandar acessos ferroviários e rodoviários do governo para exportar, melhorando a logística. A Siemens mantém investimentos anuais no Brasil, entre R$ 120 milhões e R$ 150 milhões, basicamente em aumento da capacidade produtiva na área de energia e industrial, em modernização e em pesquisa e desenvolvimento – possui oito centros de P&D no Brasil.
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O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Miguel Jorge, afirmou que os investimentos de capital alemão no Brasil estão em franco crescimento. Segundo ele, de janeiro a setembro de 2007 somaram US$ 1,5 bilhão, quase o dobro do registrado em todo o ano passado, quando alcançaram US$ 848 milhões.
Reis diz que a entidade retira do cálculo da Abdib, de R$ 88 bilhões, os investimentos em petróleo e gás porque estão muito concentrados na Petrobras, que tem recursos. Por isso, a cifra do Sinicon para infra-estrutura cai para R$ 44 bilhões ao ano, englobando transporte, energia e saneamento básico, as áreas mais carentes de recursos. Segundo ele, na área de transporte o Brasil é competitivo até a porta da fábrica e a necessidade de recursos é brutal. Na área de saneamento existe um nó no marco regulatório, uma vez que o Superior Tribunal Federal precisa decidir se o poder concedente é do estado ou o do município, liberando assim o governo dos investimentos e abrindo a oportunidade para a iniciativa privada.
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