O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, disse hoje (13) que o projeto do trem de alta velocidade, conhecido como trem-bala, para ligar as capitais do Rio de Janeiro e São Paulo exigirá uma “intervenção muito forte sobre o tecido urbano”, e que por isso a construção é complexa.
Para que o veículo alcance mais de 300 quilômetros por hora, disse Coutinho, o trajeto será quase todo em linha reta. “Ele não tem tolerância a curvas, tem muito pouca tolerância a rampas. Então, a entrada nas áreas urbanas, a travessia por municípios de maior densidade, exige uma coordenação muito fina com o planejamento urbano municipal e estadual”, comentou.
Em entrevista à Agência Brasil, o presidente da Valec (estatal que coordena o projeto), José Francisco Neves, disse que a obra “interfere muito pouco no meio ambiente” e não exige transferência de populações ao longo do percurso nem causa prejuízos à mata atlântica. Ele afirrmou que, do total de 403 quilômetros do trajeto, 60% são túneis e viadutos. Segundo Neves, a intenção é encaminhar até o fim do ano o pedido de licenciamento ambiental para o empreendimento.
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Coutinho, do BNDES, informou que o banco vai dar suporte técnico aos estudos que vêm sendo efetuados sobre o trem. Ele disse, na Associação Comercial do Rio de Janeiro, que para isso foi assinado com os governos dos dois estados um convênio de cooperação. A idéia, disse, é poupar ao máximo a injeção de recursos públicos no projeto e trabalhar para viabilizá-lo através da concessão privada.
O investimento total previsto na obra é de US$ 9 bilhões. A concessão será dada ao setor privado por 35 anos mais sete anos para as obras, de acordo com a Valec.
Pedido de licenciamento ambiental pode ser feito neste ano
O presidente da Valec Engenharia e Construção, José Francisco das Neves, estimou que deve ser feito até o fim do ano o pedido de licenciamento ambiental para o projeto do trem-bala que ligará o Rio de Janeiro a São Paulo.
A Valec é uma estatal ligada ao Ministério dos Transportes. A empresa foi criada para viabilizar a construção da Ferrovia Norte-Sul e teve sua missão acrescida da coordenação do projeto do trem-bala, elaborado pela empresa italiana Italplan.
Segundo José Francisco Neves, a prospecção arqueológica do projeto está sendo concluída pela área técnica da Valec, visando à entrada do pedido de licenciamento no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que analisará se o empreendimento tem viabilidade ambiental ou não.
Neves demonstra otimismo em relação à inauguração do projeto antes do prazo previsto de 2015. Afirmou que há um consórcio interessado em participar da concorrência, formado pelas empresas Odebrecht, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez, além da companhia italiana Impreville. E que há interesse também por parte de empresários italianos e japoneses, da estatal coreana do setor e da companhia Alstom, proprietária do trem-bala francês.
O investimento total previsto é de US$ 9 bilhões e quem vencer a licitação paga o custo do projeto. “O governo não gastará um centavo”, afirmou o presidente da Valec, acrescentando que, se o vencedor da concorrência não montar a equação financeira em dois anos, a concessão volta para o governo. “Nós não temos risco nenhum”, disse.
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