O Estado do Rio de Janeiro ganhou mais uma escola. A nova unidade, no entanto, é diferente das convencionais, já que não está localizada em um prédio, mas sim na estação ferroviária de Nilópolis. A unidade faz parte do projeto Trem-Escola, que oferece cursos profissionalizantes de informática em composições desativadas. O primeiro vagão desta que será a primeira escola sobre trilhos foi inaugurado nesta segunda-feira pelo governador Sérgio Cabral, que participou da solenidade acompanhado pelos secretários de Ciência e Tecnologia, Alexandre Cardoso, e de Transportes, Julio Lopes.
– Este é um trem de inclusão digital. É o primeiro trem-escola do Brasil. Tenho certeza de que vai virar sucesso nacional e internacional – comemora o governador.
Além da sala de aula, o trem possui a sala da Faetec Digital, onde a comunidade poderá acessar a Internet para realizar pesquisas, imprimir segunda via de documentos, enviar currículos, realizar provas simuladas do Detran, entre outros serviços ligados à rede. A sala de aula comporta vinte alunos, com um computador para cada estudante, e funciona de segunda a sábado, das 7h às 20h. Por enquanto, serão oferecidas somente aulas de informática básica e avançada. Mas, de acordo com o governador, a idéia é ampliar o serviço, criando um vagão voltado para a área de construção civil e bombeiro hidráulico.
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– Antes, este vagão estava completamente destruído e hoje está servindo a comunidade. Precisamos qualificar a mão-de-obra aqui da Baixada para que as pessoas da região possam ter a oportunidade de se inserirem no mercado de trabalho. Hoje, não há mais como disputar mercado sem qualificação técnica. O que estamos oferecendo aqui é essa oportunidade – disse o governador.
Para o secretário de Ciência e Tecnologia a inovação do projeto está em permitir uma nova forma de escola:
– Não vai ser mais o aluno que vai à escola; a escola irá até o aluno – afirma Alexandre Cardoso.
O secretário de Transportes, Julio Lopes, destacou que o projeto inova não somente pela parte técnica do vagão:
– A aula foi a própria recuperação da unidade. É isso que estamos valorizando. Recuperamos o trem do zero. E agora ele vai servir aos transeuntes, viabilizando àqueles que passam por aqui antes de ir trabalhar ou ir ao passeio fazer um curso e acessar a Internet – disse Julio Lopes.
Da concepção aos trilhos
Premiado no Congresso Panamericano de Ferrovias (no ano de 2000, em Cuba) e pela Associação Comercial do Rio de Janeiro, no mês passado, por meio do Prêmio Inovar, o projeto Trem-Escola foi concebido pelos engenheiros Mauro Soares Tavares e José Luiz Lopes Teixeira Filho e pelo arquiteto Victor Noel Saldanha Marinho. O trem-escola contou com a mão-de-obra de 30 alunos da Escola Técnica Estadual (ETE) Silva Freire e de oito professores.
– A idéia surgiu em uma conversa com o José Luiz e com o Noel Saldanha. Queríamos usar um trem que não tinha mais utilidade para o transporte de passageiros. Sugerimos transformá-lo em uma unidade móvel de ensino. Os alunos participaram da construção, realizando uma aula prática – disse Tavares, que além de ser um dos idealizadores do projeto é também diretor da ETE Silva Freire.
Segundo o diretor, o trem ficará estacionado por seis meses na estação de Nilópolis, para atender à demanda da comunidade local. Depois, ele provavelmente se deslocará.
– Podemos percorrer praticamente toda a malha ferroviária do estado. O grande diferencial é a mobilidade que esse tipo de projeto oferece – disse Tavares.
Tavares explicou que além do conceito de escola itinerante, o Trem-Escola ainda apresenta como vantagem o custo mais baixo do que uma escola convencional.
– Aqui já temos a base, que é o trem. Com certeza sai muito mais barato do que construir um prédio – afirma.
As salas são equipadas com ar-condicionado, computadores, televisão e antenas parabólicas. São esperados mais de 3.500 acessos/mês à rede e cerca de 400 alunos por mês.
O projeto foi realizado com recursos da Secretaria de Transportes, da Faperj (Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro), instituição vinculada à Secretaria de Ciência e Tecnologia. Foram também aportados recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), agência do Ministério da Ciência e Tecnologia, com apoio da Coppe/UFRJ. O Trem-Escola foi desenvolvido nas Oficinas de Manutenção da Concessionária Supervia, que realizou os serviços de manutenção dos sistemas mecânicos e pneumáticos do vagão.
As inscrições para os cursos serão abertas, a princípio, no dia 16 de janeiro e poderão ser realizadas em um quiosque que será montado na estação ferroviária de Nilópolis.
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