Para comemorar o centenário da estrada de ferro em Itapeva, a Secretaria Municipal da Cultura e Turismo vai inaugurar na próxima quarta-feira, dia 1º, às 15h, a exposição 100 Anos de Ferrovia em Itapeva. A mostra, que reunirá peças do Museu Histórico, ficará aberta à visitação pública até o dia 15 de abril, na Estação Cultura Prof. Newton de Moura Müzel.
A visitação será franqueada ao público em geral no horário de expediente, mas as visitas de escolares deverão ser previamente agendadas pelo telefone (15) 3522.3875.
Histórico
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O trem chegou a Itapeva pela primeira vez na manhã de 1º de abril de 1909, com uma festa que contou com a presença das mais altas autoridades do País. Além do presidente da República Afonso Pena, estavam presentes o presidente do Estado, Albuquerque Lins e o Cel. Fernando Prestes, principal liderança política da região, dentre outras autoridades como ministros e secretários. Quando o trem entrou na estação, as bandas “Aurora”, de Itapetininga e “Euterpe Faxinense”, de Faxina, além da banda da Força Pública, tocaram o Hino Nacional. Uma verdadeira multidão de curiosos assistia à festa, enquanto recebiam café e chocolate e presenciavam o hasteamento da bandeira, antes do banquete, à noite.
A estação, pela fotografia da chegada do primeiro trem, era aparentemente a que depois passou a ser o armazém, que ainda hoje está lá, embora reconstruído. A estação de passageiros definitiva , projetada por Ramos de Azevedo, teria sido construída apenas em 1912. Em 1939, os nomes da cidade e da estação foram alterados para Itapeva. Sempre ficou fora do centro da cidade (em Vila Isabel), e, por isso, mais tarde, a Sorocabana quis mudar o local da estação, chegando a construir uma nova estação e armazém, mais perto do centro.
Entretanto, quando foram colocar o leito novo da estrada, a construção da linha ficou provada ser tecnicamente muito difícil e inviável. Com isto, os edifícios ficaram perdidos no meio da cidade e a eles foi dado outro destino, abrigando hoje a Estação Cultura Prof. Newton de Moura Müzel e o Núcleo de Saúde (NGA). Com isso, a estação acabou ficando no mesmo local de origem até 1978, quando o trem de passageiros de Itararé foi suprimido. A partir daí, somente trens de carga passam por ali.
Em fins de 1997 a linha de trem de passageiros chegou a ser reativada para o trajeto turístico Sorocaba-Apiaí. Em fevereiro de 2001, o trem de passageiros Sorocaba-Apiaí deixou de operar de vez. A estação está hoje abandonada, sofrendo ação de vandalismos, e seu pátio continua sendo utilizado para cruzamentos e manobras da ALL, com movimento constante.
Desde 2004, a estação está deteriorada, com o teto caindo, janelas e portas arrancadas e podres. Na administração anterior, foi solicitada a cessão de uso para a concessionária ALL, mas o contrato acabou não sendo efetivado, porque a empresa devolveu o imóvel para a União.
Há cerca de 18 meses, o prefeito Luiz Cavani iniciou um verdadeiro périplo para tentar tomar posse da edificação. A ALL alega que o imóvel foi devolvido para a Secretaria de Patrimônio da União, que por sua vez ignora o recebimento, que não chegou a ser formalizado. No dia 10 de fevereiro último, o presidente Lula assinou um decreto que transfere todo o patrimônio da extinta RFFSA para o IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico Nacional, mas a medida ainda carece de regulamentação.
“Só nos resta uma única alternativa: a ocupação do imóvel”, reconhece o prefeito de Itapeva. Com a construção do Conjunto habitacional Itapeva F nas proximidades, aquela região da cidade vai ser totalmente revitalizada e, se até lá não houver uma definição por parte do governo federal, o prefeito admite que encampará o imóvel, promovendo a sua recuperação com recursos próprios.
O ramal da fome
O sudoeste paulista ficou conhecido como o “ramal da fome” desde as décadas de 1920 e 1930. Isso aconteceu porque o trem, principal meio de transporte naquela época, saía de São Paulo e, ao chegar ao entroncamento de Itapetininga, desviava o carro-restaurante para Bauru, no noroeste paulista. Aos passageiros que seguiam em direção ao sudoeste era servido um pequeno lanche de mortadela com guaraná quente. Daí o nome de “ramal da fome”.
Mais tarde a alcunha ganhou tom pejorativo, por concentrar grande número de municípios com baixos IDHs (Índice de Desenvolvimento Humano). Durante décadas, a partir da posse de Getúlio Vargas, a região – berço político de seu adversário Júlio Prestes – foi esquecida pelas autoridades estaduais, apresentando até hoje os piores indicadores sócio-econômicos do Estado.
Nos últimos anos, a agricultura vem transformando a região sudoeste paulista no maior centro de produção de grãos (soja, milho, trigo, feijão) do Estado, apresentando expressivo fortalecimento da agricultura familiar e, sobretudo, da produção orgânica.
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