A Vale vai retomar a produção de uma das quatro pelotizadoras que estavam paradas desde o fim de 2008 no complexo de Tubarão, no Espírito Santo. A expectativa é que a reativação ocorra nos próximos meses, ainda neste ano. A mineradora tem sete usinas de pelotização no complexo, uma em atividade em Itabirito (MG) e outra desativada em São Luís do Maranhão. A retomada integral das pelotizadoras deve ocorrer apenas no fim de 2010, disse Roger Agnelli, presidente da Vale.
Agnelli enxerga “cenário difícil” para 2009, de lenta retomada. Para o ano que vem, a companhia deve ter resultados melhores, porém ainda abaixo dos níveis de 2008. No primeiro trimestre deste ano, a mineradora reduziu drasticamente seu ritmo produtivo. A produção consolidada de pelotas foi de 2,88 milhões de toneladas, enquanto no mesmo período do ano passado alcançou 10,85 milhões de toneladas.
A Vale estuda também retomar a atividade da mina de ferro Gongo Soco, em Minas, mas apenas para compensar os custos mais altos da mina de Itabira, cuja produção deve ser reduzida. A companhia, entretanto, vai manter desativadas a mina de Corumbá e outras três em Minas Gerais. Segundo Agnelli, as minas desativadas são as de maior custo operacional da Vale. A retomada da extração nessas minas somente se dará após ocupar toda a capacidade daquelas em atividade.
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Na briga para reduzir custos , Agnelli tenta diminuir os da canadense Inco, adquirida pela Vale em 2006. A companhia enfrenta ameaça de greve dos funcionários da Inco devido à proposta de mudança no sistema de aposentadoria. “Sudbury (mina da Inco no Canadá) é o local com maior custo da Vale e não é sustentável. Tanto é que mudou de dono, nós compramos. Sobreviveram porque tem uma empresa do porte da Vale para segurar”, afirmou.
O setor mineral tem sofrido com a crise. Mas, para o executivo, assim como houve surpresa negativa no último quadrimestre de 2008, pode haver “surpresa positiva” entre o fim deste ano e início de 2010. “Estamos com cenário de recuperação lenta, mas existe a possibilidade de uma surpresa positiva.”
No contexto da crise mundial, Agnelli vê o Brasil em situação melhor que a dos Estados Unidos e dos países da Europa. “Em comparação esses países, o Brasil não está em recessão”, disse. As demissões em massa na companhia cessaram, afirmou. “O pior já passou”. Em dezembro, a empresa anunciou o corte de 1.300 funcionários no mundo. A mineradora possui cerca de 42 mil empregados no Brasil e 20 mil no exterior.
Sobre as negociações de preços com as siderúrgicas chinesas para definir o preço do minério de ferro, o executivo fez mistério. Disse que está aguardando os chineses se pronunciarem, mas que o novo preço já foi fixado pelo mercado. A Vale já fechou preços com Europa e com Japão em patamar 28,2% inferior aos fixados para 2008 para o minério fino. “O preço está claro, já está estabelecido”, afirmou.
Agnelli negou que a colocação de notas da Vale feita ontem para captar US$ 1 bilhão teria o objetivo de fazer caixa para aumentar a participação na ThyssenKrupp CSA, siderúrgica de € 5 bilhões em fase final de construção no Rio. A captação, disse, servirá para realizar investimentos gerais, em especial em projetos novos de produção.
A Vale tem 10% da CSA em parceria com a alemã ThyssenKrupp (90%) e agora acerta aumento de capital para que a siderúrgica no Brasil seja finalizada. A ThyssenKrupp foi atingida em cheio pela crise global e também está investindo na construção de outra usina nos EUA. O aumento de participação da Vale não está definido e, segundo Agnelli, a ideia é permanecer minoritária no negócio. Ele lembrou que, ao fechar acordo com a ThyssenKrupp, a participação da mineradora poderia variar de zero a 30%. “Siderurgia não é nosso ‘core business’, queremos viabilizar o projeto siderúrgico”.
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