Brasil acorda para o transporte sobre trilhos

Há alguns anos, nada ou pouco se ouvia falar sobre projetos metroferroviários em andamento no País. Porém, há algum tempo, estes empreendimentos vem prometendo revolucionar a forma como os brasileiros se locomovem.

Para que se possa dimensionar, apenas em São Paulo, 30 milhões de deslocamentos são realizados diariamente. Deste total, um terço é realizado com transporte coletivo (ônibus, metrô, trem ou lotação), um terço a pé e um terço com automóveis. Resultado: mais de 120 quilômetros de congestionamentos todos os dias na capital paulista.

Em todo o território brasileiro, seis milhões de passageiros são transportados por dia pelos sistemas metroferroviários existentes. Este volume, segundo Marcus Quintella, Mestre em transportes pelo IME (Instituto Militar de Engenharia) e diretor técnico da CBTU, representa apenas 5% do total de pessoas que utilizam o transporte público diariamente no Brasil.

Para mudar este cenário e correr atrás do prejuízo, as principais cidades brasileiras estão desenvolvendo ações que almejam ampliar a mobilidade da população, sendo que, a prioridade será o transporte sobre trilhos.

Os projetos

Entre as capitais brasileiras, São Paulo desponta com um dos projetos mais audaciosos: quadruplicar a rede de transporte ferroviário com qualidade de metrô, passando dos atuais 61 quilômetros para 240 quilômetros neste ano. Em uma segunda etapa, o plano é atingir 390 quilômetros em 2014, quando o número de passageiros atendidos diariamente saltaria dos atuais 5 milhões para 10 milhões. Obras ganharão impulso com a valorização da mobilidade.

Para que isso ocorra, o Metrô e a CPTM fazem parte de um projeto do governo estadual, o ExpansãoSP, que prevê um montante de R$ 20 bilhões em recursos para melhorar o transporte no estado.

No Rio de Janeiro, o governo estadual está ampliando a linha 1, na zona sul. Além disso, o MetrôRio, empresa privada que opera o sistema, está realizando obras que levarão a uma espécie de unificação das duas linhas de metrô que estão em operação atualmente, com obras de 1,2 quilômetros em túneis e 1,37 quilômetros em via elevada.

Com o empreendimento, o metrô do Rio planeja, em 2012, transportar 1 milhão de passageiros por dia, contra 550 mil passageiros em 2008. Para isso, o investimento total nas melhorias será de R$ 1,15 bilhão, sendo que boa parte destes recursos serão usados para a aquisição de 19 novos trens até 2014.

Ainda no Rio, está prevista, até 2014, a construção de mais uma estação, a Uruguai, na linha 2. Além disso, a cidade possui outros projetos em estudo, como a linha que conectará a zona sul à Barra da Tijuca.

Em Salvador (BA), o projeto metroferroviário prevê 12 quilômetros de linha. Seis quilômetros estão em andamento e é possível que sejam inaugurados neste ano. Os outros seis ainda não foram licitados, mas a previsão do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) é que sejam concluídos até dezembro do próximo ano.

Já em Fortaleza (CE), a maioria dos 24,1 quilômetros também têm a conclusão prevista para 2011.

Em Brasília (DF), o projeto vislumbra a construção de 6,7 quilômetros de linhas novas. Mas a capital federal deverá contar também com quilômetros de linhas férreas dedicadas ao VLT (Veículo Leve sobre Trilhos).

Em Porto Alegre (RS), a linha 1 do metrô está sendo ampliada: são mais 9,3 quilômetros ligando as cidades de São Leopoldo e Novo Hamburgo. O empreendimento contará com a criação de quatro novas estações, que deverão ser finalizadas também no próximo ano.

Em Recife (PE) e Belo Horizonte (MG), as obras do metrô que integravam o PAC já foram, em grande parte, executadas. Na capital pernambucana, a linha sul foi inaugurada no ano passado. Na capital mineira, foi entregue a linha 1, de Eldorado a Vilarinho, com a expansão de 6,6 quilômetros de linha.

Fonte: WebTranspo