Numa longa trilha de terra batida, que rasga o coração do Cerrado rumo à capital de Tocantins (Palmas), um exército de 2 mil trabalhadores corre contra o tempo para recuperar 24 anos de atraso na construção da Ferrovia norte-sul. Nos próximos 4 meses, eles terão de superar chuvas fortes e um calor sufocante para instalar 139 quilômetros de trilhos, entre Fortaleza do Tabocão e Palmas. Até lá, muitas frentes de trabalho terão de dobrar o turno para evitar que, mais uma vez, o cronograma não vire peça de ficção.
Quando os trilhos chegarem a Palmas, o governo federal fechará a primeira fase da ferrovia, que um dia já foi chamada de “Transamazônica sobre trilhos”, uma alusão à rodovia que corta a Amazônia e até hoje não foi pavimentada. O trecho de 720 quilômetros, entre Açailândia (MA) e Palmas, foi concedido à mineradora Vale, em leilão realizado em 2007. A empresa pagou R$ 1,48 bilhão para usar e administrar a malha por 30 anos. De acordo com o contrato, a estatal Valec, responsável pela construção, teria de concluir o trecho em dezembro de 2009.
A data poderia ser, legalmente, prorrogada até abril deste ano. Entretanto, mais uma vez o prazo não será cumprido. A nova data foi marcada para 30 de julho, como mostra o último balanço do PAC. Uma das explicações está nas denúncias de irregularidades e retenção dos recursos pelo Tribunal de Contas da União (TCU), em 2008. Por isso, algumas construtoras decidiram paralisar a obra ou reduzir o ritmo de construção.
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Resultado: a Valec rescindiu o contrato com algumas delas e declarou vencedor o segundo colocado. Foi o que ocorreu no último lote em construção até Palmas. Nesse trecho, alguns quilômetros já estão com trilhos instalados. Mas a grande maioria está em fase de terraplenagem e construção de pontes e viadutos. O presidente da Valec, José Francisco das Neves (o Juquinha), acredita que, se as chuvas contribuírem, o prazo será cumprido sem problemas.
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