Para o governador Orlando Pessuti, que participou nesta quinta-feira (8) da 4ª Conferência Estadual das Cidades, em Foz do Iguaçu, a volta do trem de passageiros no eixo Londrina-Maringá é uma das alternativas de governo ¨que pode em muito ajudar na mobilidade urbana¨ e também ¨no conforto das pessoas¨ que vivem na ¨região conhecida como metrópole linear do Norte do Paraná¨. O governador lembrou que o governo tem um projeto, ¨que é o Trem Pé-Vermelho, uma ação governamental a favor da mobilidade e do desenvolvimento regional e do desenvolvimento das cidades¨.
¨A Ferroeste saúda o esforço de todos os cidadãos, militantes dos movimentos sociais e agentes públicos, especialmente a equipe da SEDU, que construíram esta 4ª Conferência Estadual das Cidades, precedida pela incrível realização de 310 conferências municipais. Trata-se de uma vitória de todos e mostra um Paraná pujante e participativo¨, disse o presidente da empresa, Samuel Gomes, coordenador do grupo de trabalho do Trem Pé-Vermelho.
O secretário do Desenvolvimento Urbano e coordenador-geral do evento, Forte Netto, considera que a Conferência “mostra o amadurecimento de um processo que deve ser considerado um dos principais elementos para a consolidação da democracia participativa no país”. O presidente da Ferroeste, Samuel Gomes, que participa do encontro, defende a tese de que não é possível falar em políticas de desenvolvimento urbano sem levar em conta a mobilidade das pessoas nos grandes centros através da implementação do transporte sobre trilhos.
Mobilidade
Na opinião do presidente do CREA-PR, Álvaro José Cabrini Júnior, que também participa do encontro, o transporte é uma prioridade não apenas para as grandes cidades, mas para as pequenas também, embora ¨nas grandes cidades existam problemas de maior complexidade¨. São exemplos no Paraná, aponta, as cidades de Curitiba, Londrina e Maringá.
Segundo o presidente do CREA-PR, levará uma ou duas décadas ¨para serem superadas as deficiências no setor¨, desde que ¨políticas públicas bem definidas¨ sejam implementadas com rapidez. ¨Sobretudo a região metropolitana de Curitiba merece uma atenção especial. O trânsito na Capital é caótico e às vezes impossível¨, ressalta. Para Cabrini Júnior ¨é preciso pensar um transporte público de massa eficiente e rápido para que as pessoas possam deixar seus veículos em casa e o transporte sobre trilhos é uma das alternativas e talvez a melhor¨.
Por sua vez, o presidente do Instituto de Engenharia do Paraná (IEP), Jaime Sunyê Neto, entende que ¨a mobilidade urbana implica numa série de soluções¨, entre elas o transporte de passageiros sobre rodas, a bicicleta e o transporte individual, mas que ¨existe um grande espaço para o modal ferroviário crescer no Brasil¨. Segundo ele, o transporte urbano sobre trilhos é ¨subutilizado¨ em parte devido a uma ¨cultura sobre rodas¨. A formação dos técnicos do setor, avalia Sunyê, poderia levar em consideração ¨soluções como o bonde, o metrô subterrâneo ou de superfície¨.
Para o presidente da Ferroeste, ¨Curitiba vive hoje uma crise de mobilidade, devido à inoperância e à falta de planejamento. Perdemos tempo precioso nos últimos anos. Muita maquiagem, marketing e ilusionismo publicitário e nenhuma criatividade e trabalho árduo ombro a ombro com a sociedade¨. Ainda segundo Gomes, ¨precisamos criar com urgência um Consórcio Metropolitano de Transporte Coletivo que avance propostas inovadoras, como o uso de trens para o transporte metropolitano. Curitiba está parando e precisa se reinventar, mas não se vislumbra nos gestores municipais a necessária visão estratégica e o compromisso com a busca inovadora e ousada de soluções para o grave problema da mobilidade dos 3,5 milhões de cidadãos da Região Metropolitana¨.
Para a engenheira que atua na Ferroeste, Rosana Scaramella, também delegada do Sindicato dos Engenheiros do Paraná (Senge) na 4ª Conferência Estadual das Cidades, o atual modelo de transporte urbano ¨privilegia o automóvel e desconsidera que as cidades têm limite para crescer¨. Especialista em meio ambiente, a engenheira considera que a última crise econômica mundial ¨só agravou a situação, porque passaram a construir mais carros, piorando a situação ambiental¨. Os transportes sobre trilhos, segundo ela, são alternativas racionais para o problema da mobilidade humana nos grandes centros.
Já o engenheiro Paulo Sidnei Cordeiro Ferraz, especialista em transporte, chama a atenção para o recente crescimento do transporte ferroviário no país. ¨No Brasil , do Ceará ao Rio Grande do Sul, estão sendo ampliados e implantados novos sistemas de transporte sobre trilhos como solução para o transporte de massa. O Paraná precisa entrar nessa ‘onda verde’ e pensar mais nesse tipo de solução: metrôs e veículos leves sobre trilhos (VLT)¨.
Para o engenheiro a solução sobre trilhos ¨é inadiável¨. Quando os gestores das cidades pensam em mobilidade urbana, diz ele, ¨devem pensar em trilhos, senão vamos entrar na contramão do mundo¨. O especialista, por exemplo, defende a implantação do trem de passageiros no eixo Londrina-Maringá, o Trem Pé-Vermelho.
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