Uma ligação que poderá reduzir o custo do frete em até 30%, segundo estimativas da Famato (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso). Esta deverá ser a Ferrovia da Integração Centro-Oeste, o novo projeto do Governo Federal para suprir as deficiências logísticas da região central do Brasil – que atualmente possui grande representatividade na produção agrícola brasileira – nos próximos quatro anos.
Essa nova matriz de transporte cria um importante corredor para a exportação de commodities agrícolas pelo Porto de Itaqui, no Maranhão, e estabelece uma nova rota de ligação do Nordeste e Goiás com o Mato Grosso, Rondônia, Acre, Amazonas e Pará.
“O custo para transportar soja ou milho, por exemplo, que hoje é de aproximadamente US$ 120 por tonelada, deverá ser reduzido em 30%”, prevê Tiago Mattosinho, gerente do Departamento Técnico da federação.
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A Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja do Mato Grosso) também prospecta menores custos com o transporte dos produtos na região. “Com a ferrovia, o Estado deixará de perder aproximadamente R$ 1 bilhão por ano que é gasto para escoar a produção de soja e que poderá ficar em Mato Grosso para gerar divisas”, argumenta Glauber Silveira da Silva, presidente da entida.
O executivo destaca que a falta de uma logística adequada exige que, para cada 50 sacas colhidas por hectare, aproximadamente 25 sacas de soja sejam destinadas ao pagamento do frete para escoar uma tonelada do produto.
Para Silval Barbosa, governador do Estado, “essa ferrovia consolida o desenvolvimento e traz perspectivas de crescimento para a região”. Já Maurício Tonhá, prefeito de Água Branca – uma das cidades favorecidas pelo empreendimento – destaca que “a linha não beneficia somente a região, pois fará com que os alimentos cheguem na mesa de todo brasileiro mais barato, por ter condições de transportar com menor custo a produção”.
Segundo Mattosinho, a ferrovia dará impulso à economia local. “Nos últimos dez anos, os altos custos de produção inviabilizaram a agricultura na região. Não transportamos apenas a produção, precisamos trazer até as fazendas itens, como fertilizantes, e este processo onera o plantio. A ferrovia dará um novo fôlego aos produtores”.
Projeto
Segundo informações do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), a nova malha ferroviária deverá contar com 1.602 quilômetros entre Uruaçu, em Goiás, e Vilhena, em Rondônia, cruzando 15 municípios do Estado do Mato Grosso.
De acordo com o órgão, o projeto – incluído na segunda edição do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) -, será a primeira fase de uma iniciativa ainda maior: a Ferrovia Transcontinental (EF-354), que deverá cruzar boa parte do território nacional (Acre, Rondônia, Goiás, Distrito Federal, Minas Gerais, Rio de Janeiro) atingindo a fronteira com o Peru.
Conforme anunciado, a nova ferrovia receberá aportes de R$ 6,4 bilhões até o ano de sua conclusão, prevista para 2014. Isoladamente, o trecho entre Uruaçu e Lucas do Rio Verde (MT) – que possuirá 1.004 quilômetros, contará com investimentos de R$ 4,1 bilhões. Já a ligação entre a cidade mato grossense a Vilhena – cuja extensão terá 598 quilômetros – terá R$ 2,3 bilhões.
Análises
De acordo com o Dnit, os estudos preliminares, o EIA/RIMA (Estudo e Relatório de Impacto Ambiental) e o projeto básico da nova ferrovia foram iniciados no ano passado, incluído nas ações do Ministério dos Transportes. A execução do projeto, conforme anunciado, ficará sob a responsabilidade da Valec – Engenharia, Construções e Ferrovias, empresa publica, vinculada à pasta. De acordo com José Francisco das Neves, presidente da organização, as obras devem ser iniciadas no próximo ano.
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