O secretário de Transportes do Estado de São Paulo, Mauro Arce, defendeu ontem a adoção de uma logística planejada da chegada dos caminhões ao Porto de Santos e a restrição do tráfego de veículos de passeio na rodovia Anchieta.
Diante da demanda inesperada de cargas e do esgotamento da atual infraestrutura de acesso ao porto, a Baixada Santista vive um cenário diário de congestionamentos de carretas com destino ao complexo.
“O caminhão não pode chegar aqui se não tiver navio destinado. O que está acontecendo é que não existem silos para armazenar a carga na origem e o dono da carga põe no caminhão”, disse o secretário durante entrevista concedida no 5º Fórum Brasil Comércio Exterior, realizado em Santos.
POD NOS TRILHOS
- Investimentos, projetos e desafios da CCR na mobilidade urbana
- O projeto de renovação de 560 km de vias da MRS
- Da expansão da Malha Norte às obras na Malha Paulista: os projetos da Rumo no setor ferroviário
- TIC Trens: o sonho começa a virar realidade
De acordo com Arce, o Estado está fazendo sua parte. O receituário de obras inclui a construção de um viaduto em Guarujá, na Vila Áurea, para facilitar o acesso à rodovia Cônego Domênico Rangoni; uma marginal na pista com destino a São Paulo; a duplicação do viaduto Rubens Paiva, em Cubatão; e a reformulação do trevo de Cubatão. Na junção das rodovias Cônego Domênico Rangoni e Imigrantes.
Mas nenhuma das intervenções ficará pronta antes do fim de 2011. A possibilidade de construir uma ligação seca de cargas entre as margens direita e esquerda do porto (Santos e Guarujá) também está em estudo embrionário. Daí a alternativa mais imediata ser limitar o tráfego de veículos leves na rodovia Anchieta de segunda a sexta-feira, liberado a descida apenas para o transporte de cargas. “Já fizemos publicidade para que os veículos de passeio não usem a Anchieta”, disse Arce. A descida de carretas pela segunda pista da Imigrantes é proibida, pois há veículos que não possuem sistema de freios adequados e seria praticamente impossível fazer essa triagem, diz o secretário.
O porto de Santos terminou a década de 90 com pouco mais de 42 milhões de toneladas movimentadas. Confirmadas as expectativas da Codesp (estatal que administra o complexo), encerará este ano com 94 milhões de toneladas – em 11 anos terá duplicado o volume, mas com a mesma infraestrutura de acesso.
De acordo com dados da Ecovias, concessionária do sistema Anchieta-Imigrantes, que liga São Paulo à Baixada, o número de caminhões que desceram a Serra do Mar em julho e agosto deste ano superou em 20% os volumes dos mesmos meses de 2009, chegando a quase 18 mil carretas por dia. Visto que a matriz de transporte é irracional – 85% da carga movimentada no porto entra ou sai sobre rodas – e que o complexo continua batendo recordes mensais, cenas de congestionamentos quilométricos na entrada da cidade se tornaram recorrentes.
Seja o primeiro a comentar