Dez anos após a aquisição da Delara pela ALL, América Latina Logística, um novo movimento da companhia resulta na criação de uma das maiores operadoras de transporte rodoviário de cargas do País, a Ritmo Logística. A ALL, que precisava ampliar sua capacidade nesta área, juntou-se a Ouro Verde, que queria se concentrar em locação de veículos, equipamentos e serviços.
Apesar de representar apenas 3% de seu faturamento o transporte rodoviário é uma operação vital para a ALL, por complementar sua logística no intermodal. A aquisição da Delara, há dez anos, serviu para trazer para seu domínio a operação complementar de transporte dos terminais ferroviários para os clientes. Além dessa operação, também chamada de fazer as pontas da logística, havia a demanda de transporte puramente rodoviário, tanto pela herança da Delara como pela confiança que a ALL conquistou junto aos embarcadores, que passaram a requisitar seus serviços também nesse modal.
O Grupo Ouro Verde até agora mantinha atividades em cinco áreas: locação de veículos, locação de equipamentos para usinas de açúcar e álcool, locação de máquinas e equipamentos, transferência de resíduos e transporte rodoviário de cargas. Essa última respondia por 30% de seu faturamento, segundo Marcelo Mokayad, diretor presidente da Ritmo Logística.
Ao transferir o transporte rodoviário de cargas para a Ritmo Logística o grupo concentra sua atuação no segmento de locação de veículos, equipamentos e serviços, em que atua desde 1975 e no qual investiu mais de R$ 500 milhões nos últimos dois anos, em aquisição de equipamentos.
A ALL possui malha ferroviária de 21,3 mil quilômetros de extensão que abrange os estados do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, no Brasil, e as regiões de Paso de los Libres, Buenos Aires e Mendoza, na Argentina.
Opera uma frota de 1 mil 95 locomotivas, 31 mil 650 vagões e unidades para embarque e desembarque de carga, em pontos estratégicos esta malha. Desde sua fundação, em 1997, quando assumiu a concessão da RFF, Rede Ferroviária Federal, para a malha Sul do País, vem registrando crescimento sem precedentes no setor de logística.
Em 1999 adquiriu as ferrovias argentinas Meso e Central e, em 2001, integrou os ativos da operadora rodoviária Delara. Com a incorporação da Brasil Ferrovias, em 2006, passou a entrar no Porto de Santos e a atuar nos maiores corredores de exportação de commodities e nas mais importantes regiões industriais do País.
Recente. Ao firmarem acordo operacional para a fusão de suas unidades de transporte rodoviário, no fim de junho, ALL e Ouro Verde dão origem a uma operadora de transporte rodoviário que já nasce gigante e trabalhando em ritmo acelerado.
“A criação da Ritmo Logística, em parceria com a Ouro Verde, gera uma empresa com foco rodoviário”, conta Paulo Basílio, presidente da ALL. “E capaz de atender com eficiência um grande mercado em expansão no Brasil.”
Para o diretor da Ouro Verde, Karlis Kruklis, “a nova empresa poderá oferecer soluções em logística rodoviária fazendo a interligação da rodovia com a ferrovia”.
A Ritmo Logística, formada com 65% de capital da ALL e 35% de capital da Ouro Verde, nasce com uma equipe de 720 colaboradores, receita de aproximadamente R$ 300 milhões e clientes em diversos segmentos, como Bayer, Guardian, General Motors, Iveco, White Martins, AmBev, Nestlé, Heineken, Peróxidos e Kraft Foods, além de uma frota de 224 cavalos-mecânicos e 474 carretas, bi-trens, rodotrens, siders, tanques e basculantes.
Segundo Marcelo Mokayad, da Ritmo, “nosso foco é ser o provedor de soluções logísticas diferenciadas, de alta qualidade e custo competitivo para os nossos clientes, com operações dedicadas e atuando num mercado potencial de 40 milhões de toneladas no entorno da ferrovia”.
Nesse momento que se segue à fusão as atividades da nova empresa distribuem-se em pouco mais de 33% de atendimento a terceiros e cerca de 66% de transporte intermodal, em um projeto que, segundo a direção da companhia, liga as pontas da logística da ALL.
Nos dois casos os veículos rodam principalmente pelas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, no Brasil, e também pela Argentina. Unindo o melhor das duas a Ritmo começa com uma carteira de quarenta clientes e a meta de equilibrar esse mix de tal forma que nos próximos anos o balanço do intermodal e terceiros seja de 50% para cada um, de acordo com Mokayad.
Ele confia em que o resultado da união das duas empresas levará a níveis ainda mais elevados de excelência e crescimento: “Queremos ser os melhores, e não necessariamente os maiores”, Makayad observa, projetando já para 2012 um crescimento de mais de 50% em sua receita, que poderá chegar a R$ 500 milhões. E aproveita para fazer um bem humorado trocadilho:
“A logística do Brasil está ganhando Ritmo”.
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