Os novos desafios de mobilidade das cidades

Hoje, as cidades enfrentam diversos desafios, derivados da tendência à concentração em grandes aglomerações com a urbanização e o crescimento da população, o aumento das emissões de CO2, congestionamentos, altos preços de moradias e escritórios, e a limitada disponibilidade de solo.

Todo mundo gosta de cidades. Como um animado centro de comércio e cultura, as cidades atraem naturalmente as pessoas. As estatísticas demonstram que 50% da humanidade vive hoje em cidades, na área urbana ou nas periferias. E até 2050 esta proporção será de aproximadamente 70%. As consequências desta situação sobre os transportes são profundas, quando o que desejamos são cidades em que seja agradável viver.

A opção das pessoas por um modal de transporte é pela oferta de conforto, pela comodidade de acessar facilmente bens e serviços e de interagir com as outras pessoas, em tempos reduzidos, de forma prática e com transporte seguro e sustentável, de porta a porta. Por isso, os sistemas de transporte público devem ser os mais eficientes e ecológicos quando se trata de transportar pessoas com rapidez, conforto e diretamente aos seus destinos.

As emissões de CO2 contribuem significativamente para as mudanças climáticas. Este é um fato publicamente reconhecido e muitos países e cidades estão comprometidos com os rigorosos objetivos de redução dessas emissões. A ferrovia ofereceu transporte elétrico durante mais de cem anos, gerando emissões de CO2 significativamente mais baixas que as outras formas de transporte motorizado. Na Europa, a ferrovia gera somente 0,6% das emissões de CO2 e é responsável por 8% do transporte de pessoas e 17% do transporte de mercadorias. Já o transporte em automóveis não elétricos gera 71% das emissões de CO2*.

Desperdiçamos tempo e nos sentimos frustrados nos deslocamentos urbanos do dia a dia de automóvel e, ao mesmo tempo, o congestionamento está causando uma grave contaminação do ar nas cidades. Se usarmos como exemplo Montreal, no Canadá, (cidade situada em décimo-nono lugar entre as 27 cidades com melhor sistema de transportes, onde 28,8% das pessoas se movimentam utilizando formas mais respeitosas à natureza, como transporte público, bicicleta ou andar a pé), seus habitantes gastam em média 38 minutos por dia deslocando-se entre a residência e o trabalho, o que resulta na perda de 25 horas ou de um dia inteiro todo mês, considerando-se 20 dias trabalhados**.

Trata-se de um grande desperdício de tempo, pois, como se costuma dizer, tempo é o que temos de mais precioso nos dias de hoje. Vamos imaginar as atividades agradáveis e úteis que cada pessoa pode fazer se tiver mais tempo livre, como brincar com as crianças, curtir a família e os amigos, e até fazer exercícios físicos! Mesmo dirigindo um carro elétrico ou híbrido perderíamos este tempo valioso para a vida em congestionamentos no trânsito. O transporte público, sem dúvida, passa ao lado dos congestionamentos sem sofrer com eles e as pessoas podem aproveitar seu tempo lendo, trabalhando ou jogando no celular.

Os espaços nos centros urbanos são caros e escassos. Obter novos terrenos, seja através de desapropriação ou aquisição, tornou-se um processo penoso e custoso para as cidades e para as pessoas. O desafio atual é conseguir um melhor aproveitamento do solo urbano e fazer com que o espaço destinado às infraestruturas de transporte adquira máxima eficiência. O transporte público ocupa muito menos espaço, já que presta serviços a um grande número de pessoas, com crescimento exponencial.

Cada cidade é única. Algumas cidades evoluem acompanhando a passagem do tempo, algumas se reinventam e outras ainda se desenvolvem adaptando-se a uma topografia e clima específicos. Os municípios dispõem de múltiplas opções para alocar suas diversas funções: residenciais, comerciais e industriais, culturais, de lazer e entretenimento em parques e instalações esportivas, além dos serviços públicos como escolas, bibliotecas ou hospitais.

O tipo de cidade, compacta ou esparsa, define o modelo de transporte utilizado pela maioria das pessoas numa determinada área. Por exemplo, em áreas urbanas multifuncionais as pessoas caminham até a loja de mantimentos ou utilizam o metrô para ir ao cinema, entretanto, quando há uma grande separação entre áreas residenciais e comerciais, como costuma ocorrer fora da área urbana, torna-se necessário o uso do automóvel para o deslocamento até o centro comercial, para ir a lojas ou ao cinema. As infraestruturas disponíveis para o transporte definem os hábitos de vida e de deslocamento. As cidades devem resolver o desafio de integrar as diferentes formas de transporte – ferrovia, estrada, bicicleta ou andar a pé – num sistema multimodal sustentável, prático, acessível, seguro, viável e com tempos de deslocamento otimizados.

Uma função da indústria ferroviária é proporcionar soluções de transporte integrado que conectem as infraestruturas urbanas com as diversas formas de transporte num sistema multimodal e abrangente de transporte.

Neste ponto, gostaria de expor três das mais recentes e inovadoras soluções encontradas pela Bombardier para cidades sustentáveis: as tecnologias ECO4, o sistema de transporte automatizado INNOVIA Monotrilho 300 e o transporte totalmente elétrico PrimoveCity.

PrimoveCity

Imaginemos uma cidade em que todos os veículos são elétricos, sem emissões de gases de efeito estufa e circulem tranquilamente. Sem contaminação, sem fumaça, sem ruído. Ainda que o transporte elétrico requeira uma nova infraestrutura nas cidades que proporcione alimentação elétrica de fácil utilização a todos os veículos. Sem necessidade de parar para recarregar. Sem esperas, interrupções ou preocupações com o nível de carga da bateria e sem nenhuma ansiedade.

Imaginemos um sistema de transporte sustentável para todos os tipos de veículos que circulam nas ruas: automóveis, taxis, caminhões, ônibus e veículos elétricos sobre trilhos. Sem redes elétricas aéreas, postes, estações de recarga, cabeamento e outros obstáculos e com a circulação de veículos de rua e ferroviários utilizando o mesmo sistema de alimentação energética. Esta fórmula já está disponível e chama-se PrimoveCity.

O novo sistema oferece uma mobilidade ilimitada.  Tradicionalmente, a eletrificação ferroviária se restringiu às ferrovias, mas com PrimoveCity os diferentes meios de transporte estão integrados numa mesma infraestrutura. Proporciona uma alimentação energética contínua e sem contatos. Permite que os veículos elétricos disponham de propulsão e recarga energética por indução emitida a partir de um cabeamento invisível situado na calçada, quando estão circulando e também quando estão parados. PrimoveCity é uma solução criativa para integrar todos os veículos elétricos num simples e único sistema urbano de transportes.

INNOVIA Monotrilho 300

A segunda solução valiosa mencionada é o sistema BOMBARDIER INNOVIA Monotrilho 300, uma proposta inovadora para o transporte urbano que oferece diversos benefícios, como a alta capacidade (semelhante à do metrô tradicional), flexibilidade, pequena ocupação de solo, rápida instalação, estética agradável, conforto e respeito ao meio ambiente. Além disso, sua completa automação otimiza o consumo de energia, aumenta a velocidade média, facilita a implementação de novos desenvolvimentos e reduz a incidência de erros humanos.

As estruturas elevadas feitas de vigas pré-fabricadas oferecem baixos custos de construção e rápida execução dos projetos, com impacto mínimo na atividade urbana durante as obras, especialmente em comparação à perfuração de túneis para o metrô. A solução INNOVIA Monotrilho 300 já está sendo aplicada em São Paulo, uma das maiores cidades do mundo, com a implementação da linha de 24 km e 17 estações, extensão da Linha 2 do Metro de São Paulo, que ligará a estação de Vila Prudente à Cidade Tirad

Fonte: Bombardier