Artigo: Trem sem bala e sem velocidade

*Orlando Morando


O TAV (Trem de Alta Velocidade) entre São Paulo e Rio de Janeiro, ou trem-bala, como é mais conhecido, é no mínimo motivo de preocupação e questionamentos. Será que isso é realmente importante? Será que é obra prioritária como o governo federal afirma? O modelo apresentado é o melhor, avaliando custo-benefício?


O projeto do TAV mostra que não houve clara caracterização e estudo dos problemas. Não foram analisadas outras alternativas, de menor custo, como trens de velocidade intermediária, mudança na estrutura aeroportuária, ampliação e recuperação de rodovias, reformulação de procedimentos de segurança de voo, redistribuição de voos entre aeroportos, conexão ferroviária entre os centros urbanos e aeroportos mais afastados, entre outros.


A mobilidade urbana, por exemplo, poderia ser melhorada com investimentos em metrô, VLT e corredores de transporte integrados poderiam apresentar melhor relação custo-benefício e, certamente, alcançariam grande massa de usuários de baixa renda, ao contrário do TAV, cujo público-alvo é de alta renda, o que representa a minoria da população. Avaliando custo e benefício, percebemos que ao invés do TAV, poderia ser feito o TVA (Trem de Velocidade Alta). Mas qual a diferença? Enquanto o primeiro atinge 380 km/h e normalmente não chega ao seu pico de velocidade, o segundo percorre 250 km/h, mantendo constância, o que é mais viável. O mais importante é que o tempo de viagem mudaria pouco e o custo do projeto teria redução de 30%.


O que me estranha nessa história é que o governo federal esconde, ou por maldade não torna públicas, essas informações. Concordo que o Brasil precisa de novos meios de transporte de massa, o sistema aéreo não é suficiente, pois o País cresce a cada dia.


Estamos passando por bom momento econômico e com boas perspectivas para o futuro, mas temos que criar mecanismos viáveis e que sejam realizados de maneira correta e transparente.
O leilão do TAV Rio-São Paulo já foi adiado duas vezes, e quando foi realizado, em julho do ano passado, não houve interessados. Por isso o modelo de licitação foi alterado e o edital da primeira parte da licitação deve ser publicado em abril. Será que desta vez sai ou a marca do governo federal nesse projeto será o fracasso e a criação de trem sem bala e sem velocidade?


*Orlando Morando é deputado estadual pelo PSDB.

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