“O mercado imobiliário acaba empurrando as pessoas para longe”. Foi com essas palavras que o coordenador de Relações Institucionais da Secretaria Estadual dos Transportes Metropolitanos, Francisco Arantes Filho, definiu a questão da supervalorização dos imóveis no entorno das estações metroviárias de São Paulo. De acordo com Arantes, o preço do metro quadrado dos imóveis chega a triplicar com o anúncio de obras de novas estações, dificultando o acesso a essas regiões e levando as pessoas a morarem cada vez mais longe de seus locais de trabalho.
O secretário afirmou que o uso e ocupação do solo é de competência do município, o que impossibilita o Governo do Estado de criar alguma proteção para a inflação imobiliária nessas regiões. “Nós discutimos os projetos de expansão da malha ferroviária com a prefeitura, mas não temos instrumental para fazer essa proteção”, afirmou em sua palestra no 7º Encontro de Logística e Transportes, promovido pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Para o arquiteto e urbanista da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, Nabil Bonduki, a maneira mais eficiente de controlar a valorização exacerbada dos imóveis próximos a estações metroviárias é ter uma rede de transportes mais uniforme. “É natural isso acontecer em uma cidade que tem déficit de mobilidade; a vantagem de morar perto do metrô vai refletir na indústria imobiliária. Por isso precisamos de uma rede uniforme, para que um não tenha mais vantagens que o outro”.
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Bonduki também salientou que uma alternativa seria utilizar os recursos da própria valorização imobiliária para financiar o transporte coletivo, ou aumentar o adensamento ao longo das linhas, dividindo os custos com um número maior de moradores. “O entorno das linhas ferroviárias ainda tem um potencial grande de utilização. Assim podemos aproximar as pessoas do sistema”.
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