Quase R$ 1 milhão investidos e o Trem Caipira está parado há quatro anos. O projeto deveria incentivar o turismo na região noroeste paulista com um percurso entre São José do Rio Preto (SP) e o distrito de Engenheiro Schimidt. Mas durante todo esse tempo, a viagem só foi feita uma vez, na inauguração do trem.
O almoxarifado da prefeitura de Rio Preto é, por enquanto, o destino final do Trem Caipira. Desde a compra, há quatro anos, o único investimento que os dois vagões do projeto receberam foi uma lona que protege do sol e da chuva.
Um pouco mais de R$ 900 mil foram gastos na composição que deveria transportar passageiros de Rio Preto até o distrito, em um roteiro turístico. Com o dinheiro gasto na compra dos vagões e o que ainda será preciso para colocar o trem em funcionamento, a prefeitura poderia construir uma creche para atender 150 crianças ou pagar durante um ano 150 professores, ou ainda construir uma nova Unidade Básica de Saúde.
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O secretário de Planejamento de Rio Preto, Carlos de Arnaldo, admite que houve falhas no projeto e culpa a administração anterior. “O ex-prefeito de Rio Preto inaugurou o trem sem que a saída e o destino final estivessem com as obras concluídas”, afirma.
Para piorar ainda mais a situação, a verba do Ministério do Turismo, de R$ 731 mil foi cortada por causa da demora na apresentação do projeto. O dinheiro seria usado para reformar as estações por onde o trem passaria.
Hoje os prédios estão cheios de rachaduras e infiltrações, sem condições de receber os passageiros. O Ministério Público Federal instaurou um inquérito para apurar supostas irregularidades na compra dos veículos e para saber por que o trem continua parado.
O Tribunal de Contas do Estado também encontrou problemas no projeto. Para os auditores, houve falta de planejamento. Enquanto a situação não é resolvida, é o dinheiro da população que se deteriora.
Em nota, o ex-prefeito Edinho Araújo, que inaugurou o trem, informou que o estudo e o planejamento foram feitos para a instalação do Trem Caipira, e a prova disso seria a liberação de recursos pelo Ministério do Turismo. O secretário de Planejamento disse ainda que durante os quatro anos da atual administração foram feitos projetos e resolvidos problemas jurídicos, e que vai propor que a prefeitura assuma a reforma das estações com dinheiro do município.
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