A América Latina Logística (ALL), especializada em concessões de ferrovia, tem interesse em disputar concessões de terminais portuários anunciadas pelo governo no pacote voltado ao setor.
Rodrigo Campos, diretor financeiro da ALL, diz que a empresa acompanha a elaboração da modelagem dos editais e quer a concessão de empreendimentos que tenham ligação com as ferrovias onde a ALL atua.
“Vamos estudar [o pacote de portos], certamente. Obviamente, depende de preço. Nós temos nossas restrições de utilização de capital. Mas certamente vamos estar atentos a isso”, disse o executivo ao Valor. A empresa tem interesse em empreendimentos do Sul e em Santos (SP), que estão ligados às ferrovias operadas pela ALL.
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Para ele, os projetos são interessantes devido aos ganhos de produtividade que uma operação integrada geraria. “Se eu descarregar rápido [do navio], o vagão anda muito mais rápido. Ganhando eficiência no porto, você ganha eficiência na cadeia.”
Já no pacote de ferrovias, o executivo reafirma que a ALL não tem forte interesse em disputar a concessão dos novos trechos. Isso porque, no modelo elaborado pelo governo, os novos concessionários estão impedidos de movimentar cargas na própria ferrovia – para não criar dificuldades à concorrência. Segundo Campos, por isso a ALL tem mais interesse em ser apenas uma transportadora nos novos trechos.
Campos falou também sobre os números da companhia no último trimestre, que foram divulgados ontem. A ALL registrou um prejuízo de R$ 20,5 milhões no período, abaixo das previsões de analistas consultados pelo Valor. O resultado foi influenciado pela menor movimentação de produtos industriais (como os siderúrgicos, madeira, papel e celulose), que caíram 6,7% no trimestre, na comparação com um ano antes.
Além disso, a última linha do balanço foi influenciada, mais uma vez, pelo prejuízo com as operações na Argentina. A companhia tem enfrentado dificuldades para sair do país vizinho, intenção já anunciada. “Há um ambiente na Argentina que não é favorável [para a venda dos ativos]. É um momento em que [o investidor em geral] não tem grande interesse no país.” A ALL registrou, naquele país, prejuízo de R$ 17,4 milhões no último trimestre. em 2012, a perda com essas operações foi de R$ 51,9 milhões. Em 2011, resultado negativo de R$ 15,1 milhões.
Mesmo com as dificuldades, o prejuízo da ALL no quarto trimestre foi 37% menor do que um ano antes – principalmente devido à boa safra no campo. Isso fez com que a empresa tenha movimentado 12,1% mais commodities agrícolas no trimestre, em comparação a um ano antes. Além do maior volume, a ALL está praticando fretes mais altos devido à maior demanda e repasses de diesel e inflação. Também contribuiu para conter as perdas da ALL o resultado das controladas Brado (de logística de contêineres) e Ritmo (de logística rodoviária), que melhoraram receita e diminuíram os investimentos.
O resultado da ALL acarretou queda de 1,82% no valor das suas ações ontem, para R$ 9,70. Mas o papel tem boa trajetória no ano, com alta de 16,7% até o fechamento de ontem. Isso porque o mercado espera bons números da empresa para 2013.
Corroborando o mercado, a ALL acredita em um cenário positivo para o ano. A empresa cita as estimativas da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), de crescimento de 19,6% da safra neste ano, e novos contratos industriais. No ano, os investimentos voltarão ao tradicional patamar de R$ 650 milhões, após o fim dos aportes para a expansão de ferrovia até Rondonópolis (MT) – que exigiu cerca de R$ 150 milhões em 2012. A ALL estima que as receitas do novo projeto comecem a ser contadas já no segundo trimestre.
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