O processo de licitação desencadeado na Comissão Central de Concorrências, da Procuradoria Geral do Estado, prenuncia o início de um dos maiores investimentos no setor dos transportes públicos para ampliar a malha do trem metropolitano de Fortaleza. Com obras calculadas em R$ 2,5 bilhões, a Linha Leste do metrô, com 12,4 quilômetros de extensão, será totalmente subterrânea.
O empreendimento, dos maiores até hoje projetados, se juntará às linhas sul, para Maracanaú; oeste, para Caucaia; e ao ramal Parangaba-Mucuripe, em fase de implantação. A Linha Leste ligará o Centro da cidade ao Fórum Clóvis Beviláqua, no Bairro Edson Queiroz, oferecendo 12 estações subterrâneas, de superfície e elevadas, na Aldeota e Cocó. Espera-se que os trabalhos sejam planejados de forma a não agravar os problemas de trânsito já difíceis no seu traçado.
Nas maiores metrópoles do mundo, o transporte de massa é liderado por trens metropolitanos. Londres, Nova York, Paris, Berlim, Moscou, Cidade do México, Buenos Aires, Tóquio e Pequim encontraram nesse meio de transporte a solução para o deslocamento de sua população.
POD NOS TRILHOS
- Investimentos, projetos e desafios da CCR na mobilidade urbana
- O projeto de renovação de 560 km de vias da MRS
- Da expansão da Malha Norte às obras na Malha Paulista: os projetos da Rumo no setor ferroviário
- TIC Trens: o sonho começa a virar realidade
- SP nos Trilhos: os projetos ferroviários na carteira do estado
A preferência pelo veículo metropolitano se deve à rapidez, eficiência e transporte em grandes quantidades, desobstruindo os sistemas viários e os espaços urbanos. No Brasil, a primeira experiência começou com a Prefeitura de São Paulo, na década de 70, levando longo tempo para sua realização.
Em seguida, veio o metrô do Rio de Janeiro, mais célere no seu cronograma de execução, mas, sem alcançar ainda as áreas mais carentes de transportes públicos do entorno da cidade. Duas outras experiências no modal foram implantadas, com sucesso, no Recife e em Belo Horizonte, explorando as antigas vias dos trens da Rede Ferroviária Federal.
O emprego de Veículos Leves sobre Trilhos, de menor custo quando comparados com os vagões tradicionais dos trens metropolitanos, viabilizou a utilização das estradas de ferro, mediante a cobrança de tarifas compatíveis com o poder aquisitivo de seu público-alvo. Os VLTs, de fato, deslocam trabalhadores residentes nas áreas periféricas para seus empregos nos centros das capitais.
O trem urbano leva vantagens sobre qualquer outro modal de transporte de passageiros, pela exclusividade no uso das linhas, velocidade constante e número elevado de passageiros. Os metrôs bem administrados conseguem manter os horários prefixados porque os trens circulam em vias exclusivas.
Em Fortaleza, o transporte por trens urbanos nunca mereceu atenções especiais por parte da antiga Rede de Viação Cearense e, posteriomente, a Rede Ferroviária Federal. Apenas dois ramais preservaram, por longo tempo, a programação de trens de passageiros ligando a Estação João Felipe às gares de Maracanaú e Caucaia, num raio de 25 km.
No curso do tempo, a cidade de Maranguape mereceu um ramal adicional, ligando-a a Maracanaú. O fluxo de passageiros e o volume de cargas transportadas foram considerados economicamente abaixo dos custos operacionais dos poucos trens programados.
Quando ressurgiu o plano do Metrofor, há 15 anos, a preocupação primeira foi a de preservar esses dois destinos. A Linha Leste vai operar na região com os maiores índices de crescimento, comércio pujante, mercado imobiliário aquecido e a multiplicação de centros de serviços. Também desafogará uma das regiões de maior congestionamento de trânsito, com saída para as praias turísticas do litoral leste.
Seja o primeiro a comentar