O presidente do Metrô, Luiz Antonio Carvalho Pacheco, disse nesta quarta-feira (4) que a companhia tem quatro contratos em andamento com a empresa alemã Siemens e não vê motivos para interrompê-los. “Do ponto de vista da companhia, não há nenhum fato que possa levar a companhia a uma ação qualquer de interrupção desses contratos”, afirmou durante audiência na Assembleia Legislativa de São Paulo.
A Siemens é investigada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), pelo Ministério Público Estadual de São Paulo e pela Polícia Federal por suposta participação em cartel em licitações do Metrô, entre 2005 e 2008. Um desses contratos, de acordo com o presidente do Metrô, é objeto da denúncia no Cade, que é trata do sistema de sinalização de trens da Linha 2-Verde da companhia.
O governo de São Paulo entrou na Justiça em 15 de agosto com ação contra a Siemens por causa do suposto cartel. A ação pede o ressarcimento dos danos causados ao patrimônio público pelo eventual acordo entre as empresas.
POD NOS TRILHOS
- Investimentos, projetos e desafios da CCR na mobilidade urbana
- O projeto de renovação de 560 km de vias da MRS
- Da expansão da Malha Norte às obras na Malha Paulista: os projetos da Rumo no setor ferroviário
- TIC Trens: o sonho começa a virar realidade
- SP nos Trilhos: os projetos ferroviários na carteira do estado
Apesar disso, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), já havia ressaltado que os atuais contratos com a Siemens seriam mantidos.
Há cerca de dois meses no cargo, Luiz Antonio Pacheco afirmou na Assembleia que soube pela imprensa a respeito das denúncias feitas pela Siemens e que não teve curiosidade de apurar mais informações a respeito do assunto. “Não tive acesso aos documentos, não tive curiosidade”, afirmou. “Esse cartel é um cartel internacional. Toda área de metroviária é uma área muito fechada. São poucas empresas”, disse.
Ele falou que, com a entrada de empresas de outros países nas concorrências, houve queda nos preços nas licitações. “A gente percebe claramente que, na medida em que se consegue trazer as coreanas, as chinesas e as espanholas para o mercado brasileiro e quebra-se esse cartel, em 2008, os preços caíram. Agora não se tem essa informação, se é que no Metrô tenha acontecido, da formação de cartel.”
Pacheco rebateu a ideia de que documentos relativos às licitações investigadas tenham sido queimados em um incêndio em uma empresa em Itu, no interior de São Paulo. O presidente do Metrô disse que documentos relacionados às licitações e contratos com a empresa alemã Siemens estão preservados.
O presidente da companhia também afirmou que, desde o início das denúncias, o Metrô proibiu que uma empresa vencedora de licitação subcontrate uma outra empresa perdedora. A sessão durou mais de quatro horas, mas boa parte do tempo foi gasta no debate entre deputados sobre a ordem e conteúdo das perguntas.
Pacheco, que saiu sem responder sobre suas ações em empresas privadas, prometeu aos deputados voltar em outra ocasião. Em uma de suas últimas manifestações, afirmou que sempre se pautou pelo cumprimento das leis e pelo interesse público. “Não sou pau mandado. Saio, mas não faço”, afirmou.
Investigação
O Cade investiga a suposta formação de cartel para licitações do Metrô de São Paulo e do Distrito Federal na esfera de ilícitos econômicos.
Segundo reportagem do jornal “Folha de S. Paulo”, a Siemens entregou documentos nos quais afirma que o governo de São Paulo sabia e deu aval à formação de um cartel que envolveria 18 empresas. Desde o início das investigações, foram realizadas buscas em escritórios da francesa Alstom, da espanhola CAF e da canadense Bombardier, entre outras empresas.
Os executivos da Siemens não poderão ser denunciados criminalmente devido ao acordo de leniência assinado pela empresa, que delatou ao conselho a existência do suposto cartel.
O presidente da Controladoria-Geral da Administração, Gustavo Ungaro, disse que ouve pessoas e representantes de empresas envolvidos nas denúncias.
Ainda segundo o governo paulista, a Siemens poderá ser declarada inidônea e ficar impedida de participar de licitações.
“É um outro procedimento que será aberto a medida do seu tempo”, afirmou o procurador-geral do Estado, Elival da Silva Ramos
De acordo com Gustavo Ungaro, o processo administrativo é uma consequência possível da apuração que está sendo feita pelo governo do estado.
Clique no link e assista a reportagem:
Seja o primeiro a comentar