Companhias privadas encontram em investimentos de mobilidade novas oportunidades de negócios que atendem às demandas por serviços mais eficientes e contribuem para o desenvolvimento de políticas de transporte sustentáveis. Essa é uma das principais conclusões do estudo “Desafios e Estratégias Empresariais para Mobilidade Sustentável”, realizado pelo Uniethos com apoio do Instituto Invepar, publicado com exclusividade pelo Valor.
O estudo traça um panorama baseado em informações e dados das últimas décadas do setor de serviços de mobilidade urbana nas maiores regiões metropolitanas brasileiras. “A demanda nesse mercado vem crescendo em todas as faixas de renda, idade, sexo, tanto nas cidades como em transporte aéreo, em todas as modalidades”, diz Regi Magalhães, diretor do Uniethos.
A população dos municípios brasileiros com mais de 60 mil habitantes fez 61,3 bilhões de viagens em 2011, ou seja, 200 milhões de viagens por dia – média de 1,65 viagem por habitante. O transporte público corresponde a 20% delas e a 36% nas cidades com mais de um milhão de habitantes. A participação dos automóveis nas cidades com 500 mil a um milhão de habitantes é de 31%.
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As viagens a pé são dominantes, mas, na maioria das vezes, têm sua participação diminuída à medida que aumenta a população. O uso da bicicleta e de motos cresce de forma significativa nos municípios menores. Segundo o estudo, na região metropolitana de São Paulo, a população cresceu 2,7 vezes, a frota de automóveis sete vezes e a viagens motorizadas 3,5 vezes entre 1967 e 2007. O uso do transporte particular é alto, correspondendo a 47% das viagens.
Congestionamento viário, ineficiência do sistema de mobilidade, níveis elevados de emissão de poluente e acidentes de trânsito são alguns dos problemas apontados. Na região metropolitana do Rio de Janeiro, 48,7% das viagens são feitas com transportes públicos enquanto apenas 18,5% com veículos individuais.
O sistema de trilhos, porém, é menor do que seria compatível com o porte e o tamanho da sua economia, segundo os técnicos. O sistema ferroviário conta com 220 km de extensão e o metrô com 42 km, limitados ao município do Rio de Janeiro. Outro ponto crítico na região metropolitana do Rio de Janeiro é a concentração do uso de transporte individual na zona sul causando elevados índices de congestionamento com tendência crescente.
“As cidades estão mais complexas, têm vários centros e não é tão fácil planejar uma área de serviços”, explica Magalhães. Os novos padrões de planejamento da infraestrutura de transporte devem permitir a integração entre os diversos meios. As pessoas, o estudo revela, buscam combinar num mesmo deslocamento, meios motorizados e não motorizados, individuais e coletivos. Além disso, demandam informações em tempo real sobre as opções mais rápidas e de menor custo de deslocamento.
Ao aumento e diversificação da demanda por mobilidade se soma a retomada dos investimentos públicos em infraestruturas de transportes a partir da aprovação da Política Nacional de Mobilidade Urbana, prevista na Lei Federal nº 12.587 de 2012. A legislação estabelece diretrizes para uma transição do padrão de mobilidade centrado no transporte motorizado individual para uma perspectiva de cidades sustentáveis.
O Pacto da Mobilidade lançado em 2013 disponibilizou R$ 50 bilhões em iniciativas nesse segmento em grandes centros e em parceria com Estados e municípios. O balanço do PAC 2 mostra que até fevereiro de 2014 os recursos anunciados somavam R$ 31,9 bilhões para mais de 20 regiões, entre as quais Rio de Janeiro, São Paulo, ABC Paulista, Porto Alegre, Fortaleza, Belo Horizonte e Manaus.
Os investimentos do governo federal destinados à construção de metrôs, monotrilhos, aeromóveis, trensurbanos, veículos leves sobre trilhos, BTRs, corredores de ônibus e teleféricos resultaram em 3.500 km em obras de transporte coletivo. “Com lucro é possível atrair investimentos para encontrar as soluções em escala”, diz Magalhães.
As concessões de rodovias, de aeroportos, de ferrovias, de portos e de mobilidade oferecidas pelo governo, ele destaca, estão atraindo grandes empresas, inovadoras, com capacidade não só de investimentos, como também de entender as demandas da sociedade.
Há pelo menos quatro grandes companhias, segundo o estudo, com competência e tecnologia em gestão moderna e integrada de sistemas de transporte: CCR, Arteris, Invepar e EcoRodovias, que atuam na gestão de rodovias, mobilidade urbana e aeroportos.
A Invepar investe, cada vez mais, em produtos e serviços agregados, como a acessibilidade das instalações e em aplicativos de celular para assegurar a facilidade no deslocamento e uso dos serviços nas empresas do grupo, informa a gerente-executiva de marketing e responsabilidade social, Claudia Jeunon. O Metrô do Rio de Janeiro, ela destaca, já tem 100% de acessibilidade. O primeiro app de rodovias, será o da Via 040. O usuário poderá planejar a sua viagem e terá acesso aos serviços da Invepar de atendimento ao longo da rodovia.
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