Randon programa paradas de produção até junho

Depois da queda das vendas e do resultado em 2014 e com a persistência da demanda fraca no início deste ano, a Randon vai adotar uma nova rodada de redução de jornada de trabalho em abril, maio e junho. A maior parte das empresas do grupo vai operar cinco dias úteis a menos em cada um destes meses. A exceção será a Fras-le, controlada que produz lonas e pastilhas de freios e apresenta melhor desempenho graças à forte participação das exportações e às vendas para o setor de reposição.

A Randon também divulgou ontem o balanço de 2014 sem a projeção de desempenho (“guidance”) para 2015 devido à “total incerteza” sobre os rumos da economia e os efeitos do ajuste das contas do governo, disse o diretor de relações com investidores, Geraldo Santa Catharina. Segundo ele, o planejamento foi afetado pela “profundidade” do ajuste fiscal e pelo clima político acirrado no país nas últimas semanas, mas as previsões devem ser apresentadas até o fim deste mês.

Com a redução dos dias trabalhados, a fabricante de implementos rodoviários, vagões ferroviários e autopeças pretende reduzir os estoques que, depois da baixa do fim de 2014, voltaram a subir no primeiro bimestre deste ano e estão acima de 90 dias de vendas no caso de reboques e semirreboques, ante 40 dias nesta mesma época do ano passado. Em janeiro, a receita líquida do grupo recuou 34,9% ante o mesmo mês de 2014, para R$ 170,9 milhões.

A medida, que será votada pelos empregados no dia 20 e prevê desconto nos salários de 50% das horas paradas, é mais uma tentativa de evitar demissões, disse o gerente executivo de recursos humanos Daniel Ely. De agosto a outubro do ano passado a Randon já havia adotado a redução da jornada em um dia por semana e desde julho não repõe a rotatividade da mão de obra. O quadro caiu para 10,3 mil pessoas hoje, ante 10,7 mil no fim de 2014 e 12,1 mil de 2013.

Segundo Ely, neste mês também foram concedidas férias de dez dias para 1,4 mil pessoas que tinham direito ao descanso. Em fevereiro, 7 mil trabalhadores nas linhas de Caxias do Sul (RS), Santa Catarina e São Paulo, com exceção da Fras-le e da linha de vagões ferroviários, pararam seis dias e, na virada do ano, as férias coletivas foram ampliadas de duas para três semanas. A convenção coletiva firmada com o sindicato dos metalúrgicos de Caxias do Sul permite mais duas rodadas de redução de jornada, no segundo semestre deste ano e no primeiro de 2016.

Santa Catharina estima que as indústrias de implementos rodoviários e de caminhões operam com 30% de ociosidade em média e vê como desafio adicional o impacto do aumento dos combustíveis sobre as empresas de transporte de cargas. A valorização do dólar, por outro lado, deve permitir “algum crescimento” nas vendas de reboques e semirreboques para a América Latina, apesar do mercado retraído na região, disse.

O segmento de vagões ferroviários deve se manter forte, com vendas semelhantes ao recorde de 1.356 unidades de 2014, disse o executivo. Segundo ele, a nova fábrica em Araraquara (SP), destinada principalmente à produção de vagões, entrará em operação no primeiro semestre de 2016. Os investimentos para 2015, estimados inicialmente em R$ 100 milhões, ainda estão em avaliação. No ano passado, os aportes somaram R$ 124,3 milhões, ante R$ 287,6 milhões em 2013.

Em 2014, a Randon teve lucro líquido de R$ 202 milhões, 14,1% a menos do que em 2013. A receita líquida somou R$ 3,8 bilhões, com queda de 11,2%. O Ebitda fechou em R$ 490,5 milhões, em baixa de 13%. As exportações a partir do Brasil caíram 20,7%, para US$ 191,6 milhões, e as vendas das unidades no exterior recuaram de US$ 124,1 milhões para US$ 117,4 milhões. O mercado externo representou, no total, cerca de 19% da receita líquida do grupo no ano.

Em volume, as vendas de vagões ferroviários avançaram de 322 para 1.356 unidades e passaram a representar 8,9% da receita líquida consolidada do grupo, ante 1,8% em 2013. Já as entregas totais de reboques e semirreboques recuaram 34,8%, para 16,6 mil unidades, com queda de 20,2 mil para 15,2 mil equipamentos no mercado interno e de 5,3 mil para 1,4 mil nas exportações, principalmente por conta da retração de mercados importantes como Argentina e Chile.

O segmento de autopeças foi afetado pelo recuo de 25,2% na produção de caminhões no Brasil. Como consequência, os volumes físicos vendidos pelas controladas Master (fabricante de freios), Suspensys (sistemas de suspensão) e Jost (equipamentos para acoplamento) caíram entre 23% e 39,2%. A exceção foi a Fras-le, que teve alta de 5,1% na comparação anual.

 

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