O economista Paulo Rabello de Castro, que se despediu ontem
da presidência do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para
assumir ainda nesta semana o comando do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico
e Social (BNDES), disse que o Brasil precisa, neste momento, de “mais ação
do BNDES”. Em encontro com jornalistas, ontem, Castro não se furtou a
elogiar a gestão anterior, de Maria Silvia Bastos Marques, mas deu pistas sobre
possíveis mudanças no rumo da instituição.
“O BNDES é, sobretudo futuro, porque é a casa do
investimento nacional… É um banco que, embora público, é casado com a
iniciativa privada de modo absolutamente visceral. Se o país está com carência
de desenvolvimento, está com carência de mais ação por parte de um BNDES”,
afirmou.
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Em tom elogioso a Maria Silvia, Castro disse que assumirá
uma “casa arrumada”. Ele destacou, ainda, que pretende dar
continuidade aos trabalhos da gestão passada e que “confia no taco de
Maria Silvia”, mas que “não necessariamente” tudo será
“feito como antes”.
“Continuidade significaria então dizer que vamos fazer
tudo igual ao que vinha sendo feito? Não necessariamente. Uma coisa eu posso te
garantir. Uma administração como a da Maria Silvia dificilmente vai ter
qualquer descontinuidade”, afirmou.
Questionado sobre as críticas do empresariado sobre a
contenção dos desembolsos do BNDES, Castro atacou os subsídios e sinalizou que
a disponibilidade de recursos é o “o principal apoio” que o banco tem
a dar à inciativa privada.
“Ainda vou ver do que se tratam as críticas dos
empresários, que podem ser pedidos por mais agilidade nos pleitos. Para o
empresário é extremamente relevante saber com relativa rapidez se vai poder
contar ou não com alguma linha do BNDES. Eu acho que nós temos que começar a
fazer o exercício do desapego a esse conceito de subsídio. Quer dizer, nós
temos que fazer o Brasil convergir para a normalidade. O principal apoio que o
BNDES pode dar ao mercado é a disponibilidade do recursos, não subsídio”,
disse.
Ele defendeu que a redução nos créditos concedidos pelo
banco, hoje, é reflexo, em parte, de uma demanda “absolutamente
fraca”. O economista, contudo, afirmou que o ambiente tem se tornado
propício à retomada dos investimentos.
“Quando você junta uma demanda rala com uma espécie de
reforço a regras prudenciais o resultado final é menos crédito concedido. Isso
não quer dizer que daqui para frente [continuará nesse caminho], porque estamos
vivendo uma taxa de inflação que está permitindo a redução dos juros e,
portanto, o ambiente se torna muito propício para outra fase do ciclo
econômico”, afirmou.
Castro também defendeu que as taxas de juros do BNDES
precisam, “eventualmente”, convergir para as taxas de mercado.
Questionado sobre a nova taxa de juros, anunciada na gestão
anterior, Castro disse que a estrutura de taxa precisa se acomodar a um
“patamar normal”, compatível com países desenvolvidos. Segundo ele, a
mudança exigirá uma revolução fiscal “em curso”. “As taxas do BNDES
têm que eventualmente convergir para o mercado, caso contrário quem sofre é o
desenvolvimento a longo prazo.”
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