O presidente do Banco do Brasil, Paulo Caffarelli, informou
ontem que está negociando com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDES) e outras instituições financeiras a criação de uma linha de
financiamento voltada para micro, pequenas e médias empresas. Presente a um
evento comemorativo dos 65 anos do BNDES, o executivo defendeu o aumento do
crédito destinado às exportações e a projetos de infraestrutura no país.
“A infraestrutura vai ajudar na retomada do crescimento
e da produção interna. E a [queda] na taxa de juros acaba sendo consequência
disso”, afirmou Caffarelli, para quem a retomada deverá ocorrer ainda no
segundo semestre deste ano.
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Na visão dele, o aumento da inadimplência provocado pela
recessão no país assustou as instituições financeiras. Com a melhoria das
condições econômicas, o presidente do Banco do Brasil acredita que “é
preciso separar o joio do trigo”, retomando a capacidade do setor bancário
de conceder crédito. “Concomitantemente ao crédito, temos de estimular
exportações”, disse.
“Concomitantemente ao crédito, temos de estimular
exportações”, disse.
No caso da linha de crédito em discussão com o BNDES –
voltada para micro, pequenas e médias empresas – tanto as condições de
financiamento como o montante que estará disponível ainda não foram definidos,
segundo Caffarelli. “Provavelmente será uma linha do BNDES que vai ser
aplicada pelos bancos que tiverem
interesse em aplicar esta linha”, afirmou.
Questionado sobre o fato de já existirem linhas de
financiamento voltadas para o segmento de empresas de pequeno e médio porte, o
executivo argumentou que os esforços são no sentido de tornar esse tipo de
crédito mais atrativo.
A ampliação de linhas de financiamento também foi um tema
destacado pelo presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro, que frisou que o
banco não planeja um “pacote de bondades”. Sugeriu, porém, que vai
aumentar a atuação da instituição de fomento na economia do país.
“Este governo e o Brasil estão para além da era de
pacote, aqui ninguém está empacotando nada, porque não somos mercearia, muito
menos bondade. Queremos desobstruir o que está travado e o que o país, em nome
de 14 milhões de desempregados, precisa destravar”, afirmou Rabello de
Castro.
Bem-humorado, o economista negou a devolução de cerca de R$
300 bilhões que o BNDES ainda estaria devendo ao Tesouro Nacional. Disse que o
banco iria usar esse montante e que talvez ainda precisasse de mais recursos.
O discurso foi bem recebido pelo presidente da Federação das
Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, que reforçou a
necessidade imediata de crédito para a retomada do crescimento. Skaf não citou
a administração da presidente anterior do banco, Maria Silvia Bastos Marques,
que deixou o BNDES sob críticas de dificultar a concessão de empréstimos, mas
disse que nos últimos meses a direção do BNDES estava “gerando e
entesourando caixa”.
“Voltar ao crescimento não é uma prioridade? Tirar
essas empresas do sufoco não é uma prioridade?”, questionou o empresário.
“Tem que haver uma reação forte do BNDES”, pediu o presidente da
Fiesp.
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