Roubo de cargas leva empresários a trocar o porto do Rio por Santos e Vitória

A onda de roubo de cargas no estado passou a atingir,
também, as transportadoras de contêineres nos últimos dois meses. Com isso,
empresários que exportavam ou importavam mercadorias pelo porto do Rio já optam
por Santos ou Vitória. Cerca de 60% do ICMS que o Rio arrecada vem, justamente,
dos portos.

Empresários que costumavam exportar e importar mercadorias
pelo porto do Rio começam a usar os terminais de Vitória e Santos como rotas
alternativas de transporte. Com o aumento do roubo de cargas no estado, algumas
empresas já preferem escoar os produtos por trajetos mais seguros, mesmo que
sejam mais longos e custosos. Isso se aplica, principalmente, aos exportadores
e importadores de Minas Gerais e, em menor escala, aos de Goiás.

Embora a escalada do roubo de cargas tenha começado ainda no
ano passado, empresários ouvidos pela CBN relatam que o assalto a veículos que
transportam contêineres só se intensificou nos últimos dois meses. O presidente
da Câmara Brasileira de Contêineres, Silvio Campos, diz que os impactos
econômicos já começam a ser sentidos.

“A arrecadação no porto diminuiu muito, além de o
movimento já estar fraco, por causa da crise. O porto do Rio de Janeiro é o
terminal de escoamento “natural” para os mineiros e já está sendo
trocado por Santos e Vitória”, relata.

Mirian Carvalho, sócia da empresa Carvalhão, que atua no
setor há 57 anos, afirma que teve um aumento de 25% nos investimentos em
segurança. Ela conta que um cliente de Minas Gerais, por exemplo, desistiu de
contratar os serviços da empresa depois que um veículo que transportava suas
cargas foi alvo de um assalto. Ele preferiu usar o porto de Santos.

“Pela primeira vez, estamos vivenciando isso. É um
gasto muito grande para as empresas. A gente precisou rever nossos planos de
ação e todo o gerenciamento de risco. Isso aumenta muito o custo operacional,
porque a gente tem que fazer desvios de rota, andar em comboios e com
escoltas”, diz.

O coordenador da Câmara de Logística Integrada da Associação
de Comércio Exterior do Brasil, Jovelino Pires, lembra que a necessidade de
fazer trajetos mais longos aumenta o custo logístico, tornando o produto mais
caro no mercado interno e menos competitivo no mercado externo, em um cenário
que já é desfavorável. Como exemplo, ele cita o custo médio para levar um
carregamento de soja aos portos brasileiros, de noventa dólares, em comparação
aos dezoito dólares necessários nos Estados Unidos. Jovelino também detalha
como a substituição do porto do Rio pelos de Santos e Vitória agrava ainda mais
a crise do estado.

“Cerca de 60% do ICMS arrecadado pelo Rio de Janeiro
vem da exportação e importação. É muito dinheiro que se deixa de movimentar.
Não é só o que vem dentro do contêiner, mas o crescimento do movimento
comercial em torno dessa atividade”, explica.

O delegado responsável pela Delegacia de Roubos e Furtos de
Cargas do Rio, Maurício Mendonça, disse não ter registro de aumento nos roubos
de contêneires nos últimos meses, mas defendeu o endurecimento da pena para o
crime de receptação. Atualmente, ela varia de um a três anos.

 

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