A Glencore prepara-se para criar uma empresa ainda neste ano
com seu portfólio de royalties de mineração e eventualmente abrir o capital da
nova firma para atrair investidores externos, segundo fontes a par das
discussões. A empresa suíça de mineração e comercialização pretende incluir na
nova firma contratos de royalties no valor de mais de US$ 300 milhões e vai
tentar atrair um novo parceiro estratégico para ter condições de financiar mais
contratos e fazer esse portfólio crescer.
A companhia quer expandir a atividade de fornecimento de
financiamentos a mineradoras menores em troca de participações em sua receita e
de contratos de exclusividade na comercialização. O plano é mais um sinal de
que o executivo-chefe da mineradora, Ivan Glasenberg, agora pretende acelerar o
crescimento, depois de dois anos nos quais a desvalorização das commodities
obrigou a empresa a voltar as atenções ao pagamento de dívidas e ao reparo de
seu balanço patrimonial.
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A Glencore tem grande interesse em tentar buscar algo
parecido ao esquema que usou para levantar dinheiro com suas operações
agrícolas, reunidas em uma empresa independente, a Glencore Agriculture, na
qual vendeu participação para dois fundos de pensão canadenses por US$ 3
bilhões.
Para conseguir financiar mais contratos de royalties, a
Glencore venderia uma participação na nova empresa, que teria foco em metais
básicos, a um parceiro estratégico. Os contratos também ajudariam a mineradora
a garantir mais produtores de cobre, cobalto, níquel e zinco para sua gigantesca
divisão de comercialização, uma operação que a diferencia das demais rivais na
indústria de mineração.
A Glencore [companhia de origem suíça, com operações em
mineração, trading e metais] não quis comentar o assunto.
Os royalties e os chamados contratos de
“streaming” (a conquista de direitos de longo prazo para comprar
metal das minas em troca de um pagamento antecipado) tornaram-se grandes
negócios nos últimos anos, já que os produtores com falta de dinheiro
encontravam dificuldade para conseguir financiar-se e levantar capital. A Anglo
Pacific e a Franco-Nevada também atuam nesse segmento, com foco específico em
metais básicos.
A Glencore deixou claro nos últimos meses que voltou com
força total a tentar conquistar mais negócios. Em junho, esteve envolvida em
uma batalha acirrada contra uma estatal chinesa por ativos de carvão na
Austrália. Além disso, seu braço agrícola abordou a comercializadora de grãos
Bunge, dos Estados Unidos, sobre um possível negócio.
Inicialmente, a mineradora estudava vender diretamente seus
royalties para levantar dinheiro e contratou o Scotiabank neste ano para
encontrar um comprador para o portfólio, que inclui contratos com a mina de
cobre e zinco Antamina, no Peru, e com a mina Red Chris, no Canadá.
A empresa, no entanto, decidiu que poderia conseguir um
valor maior se usasse os contratos, acumulados ao longo de vários anos, para
criar uma empresa que, então, teria o capital aberto no mercado acionário uma
vez que alcançasse o tamanho e escala suficientes, de acordo com as fontes.
Os contratos de royalties dão a seus donos o direito de
receber uma porcentagem da receita ou dos lucros de uma operação mineira,
normalmente em troca de financiamento.
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