Arauco tenta fechar hoje com J&F a compra da Eldorado

Consciente de que outros grupos têm interesse na compra da
fabricante de celulose Eldorado, a chilena Arauco tenta superar os últimos
pontos em discussão para concretizar a transação hoje. Na metade de junho o
grupo do Chile assinou um acordo de exclusividade para negociar a compra da
Eldorado com sua controladora, a J&F, holding da família Batista. O acordo
expira nesta quinta-feira. A Eldorado foi colocada à venda na esteira da crise
do grupo J&F, após a delação premiada dos irmãos Batista.

Segundo uma pessoa a par das negociações, há um empenho para
se fechar a compra e, assim, evitar que outros interessados apresentem suas
propostas. “Há pontos em discussão que estamos tentando resolver”,
disse o interlocutor, sem comentar quais seriam as pendências.

“Entretanto, nessas situações o risco de não haver
acordo sempre existe”, ponderou. De acordo com essa pessoa, já haveria
acordo sobre o preço a ser pago. Comenta-se no mercado que a chilena Arauco
teria avaliado a empresa em R$ 14 bilhões, incluindo dívidas da Eldorado da
ordem de R$ 8 bilhões.

Além da brasileira Fibria (controlada pelo grupo Votorantim
e por BNDES), que pretende fazer uma oferta pelo ativo, caso não exista acordo
com os chilenos, os asiáticos April Group e APP, ambos baseados na Indonésia,
também teriam interesse em conversar, segundo essa pessoa. De acordo com outra
fonte, entretanto, APP e April não estão no páreo.

Uma decisão judicial publicada ontem, no entanto, pode
atrapalhar o desfecho das negociações. O Tribunal de Justiça de São Paulo
acatou em parte um pedido de liminar apresentado pela empresa Viscaya Holding
Participações, Intermediações, Cobranças e Serviços, empresa do doleiro Lúcio
Funaro, e bloqueou os bens da Eldorado. “É algo que afeta qualquer
potencial comprador, não apenas a Arauco”, disse uma fonte próxima das
negociações com J&F.

Funaro, preso e réu na Operação Lava-Jato, pediu também o
bloqueio de bens da J&F, mas não foi atendido pela juíza Luciana Bassi de
Melo. Em sua decisão, a juíza afirma que “os documentos trazidos aos autos
e também as informações trazidas pela autora, acerca da venda de ativos e a
apontada probabilidade de insolvência podem deixar sem respaldo o valor
pleiteado pela autora (a Viscaya)”.

A determinação da juíza da 5ª Vara Cível do Foro Regional de
Pinheiros veio em resposta a pedido dos advogados de Funaro em ação judicial
movida por ele contra a Eldorado.

O doleiro cobra um pagamento R$ 44 milhões, sob a alegação
de que não teria recebido o valor combinado para intermediar a contratação de
um empréstimo de R$ 940 milhões da Eldorado junto ao fundo de investimento do
Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, o FI-FGTS.

Os recursos foram usados em obras relacionadas à fábrica da
empresa, situada no município de Três Lagoas (MS).

No fim de junho, quando a ação movida por Funaro veio a
público, a Eldorado informou que o doleiro não fez a intermediação entre a companhia
e a Caixa na obtenção do empréstimo. “O contrato nunca foi performado, não
houve prestação de serviço e que, portanto, a cobrança é indevida”,
informou.

Em comunicado, a Eldorado Brasil informou que “ainda
não foi citada no processo de execução promovido pela empresa Viscaya, portanto
desconhece o teor da decisão judicial que, alegadamente, bloqueou seus bens.
Uma vez que a Eldorado seja intimida, apresentará as medidas judiciais
necessárias à proteção de seus direitos”.

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