Ferrovias de SC feitas há mais de 100 anos ajudam a diminuir nº de veículos nas estradas

Ferrovias feitas há mais de um século continuam em
funcionamento em Santa Catarina e ajudam no transporte de mercadoria até os
portos. Além disso, são uma alternativa que diminui o número de veículos nas
estradas do estado, como mostrou nesta quarta-feira (30) a terceira reportagem
de uma série exibida pelo NSC Notícias.

Entre 1871 e 1912, o governo brasileiro autorizou mais de 10
projetos de ferrovias no estado. Quase nenhum saiu do papel. O professor de
Economia da Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc) Alcides Goularti
Filho diz que, nessa época, a economia catarinense não tinha a mesma força que
tem atualmente e construir uma estrada de ferro não valia a pena.

“Ela é um negócio. E tem que ter rendimentos, tem que
manter os seus custos. Para manter os seus custos, tem que ter fluxo e tem que
ser fluxo intenso”, afirmou o professor.

A ferrovia Dona Tereza Cristina foi a primeira que com
resultado positivo. Ela foi inaugurada em 1884. São 164 quilômetros, que ligam
cidades da região Sul ao Porto de Imbituba, por onde passam 10 locomotivas todo
dia. Nove delas são carregadas com carvão. O terminal portuário movimenta quase
22 mil toneladas de carga por mês.

Região do Contestado

Também há outra estrada de ferro antiga no estado, que é
resultado do segundo projeto que vingou no estado: a Estrada de Ferro São
Paulo-Rio Grande.

Foi inaugurada em 1910 e esteve no meio do impasse que levou
à Guerra do Contestado. Atualmente, é operada por uma empresa privada. No
estado, só tem acesso ao Porto de São Francisco do Sul, no Norte.

Em Lages, na Serra catarinense, passam quatro trens por dia,
que transportam combustíveis e cimento.

Menos veículos nas estradas

De todas as cargas do estado, 80% viajam pelo asfalto em
caminhões e carretas que podem levar até 90 toneladas. Apenas 7% vão pelos
trilhos. “Você tem carros, você tem caminhões, você tem ônibus… Uma gama
extensa de veículos disputando o mesmo espaço”, afirmou o gerente do
Terminal Intermodal Sul, Marcelo Siqueira.

Um exemplo positivo está em Imbituba, onde 70% das
mercadorias chegam de trem. Isso equivale a 1,6 mil carretas a menos circulando
nas estradas.

Porém, a maioria dos portos catarinenses não tem uma ligação
com ferrovias. Especialistas debatem se novas estradas de ferro seriam
lucrativas economicamente. “Eu acho que a produção do Oeste ainda não vai
conseguir sustentar uma ferrovia lucrativa”, afirmou o professor Alcides
Goularti Filho. “A BR-101 já deu conta e foi duplicada para isso também,
ela já está dando conta da integração portuária”, completou.

Para o presidente da Câmara de Transporte da Federação das
Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc), Mario Cezar de Aguiar, as
estradas de ferro seriam importantes para melhorar o preço das mercadorias
catarinenses. A implantação da ferrovia litorânea, complementada pela ferrovia
Leste-Oeste, ligando à malha ferroviária nacional, daria um poder de
competitividade muito forte à nossa economia”.

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