Malha Sul da Rumo atrai 18 interessados

A concessionária de ferrovias e de terminais portuários
Rumo, controlada pelo grupo Cosan, fechou acordo com ao menos 18 empresas para
avaliar propostas de injeção de capital na América Latina Logística Malha Sul –
que administra 7,2 mil quilômetros de ferrovias e acessa portos do Sul.

Conforme o Valor apurou, entre as 18 empresas que assinaram
termos de confidencialidade (non disclosure agreement) estão as gigantes
japonesa Sumitomo e a China Communications Construction Company (CCCC). O
conglomerado chinês de infraestrutura desembarcou recentemente no Brasil em
busca principalmente de projetos de ferrovia e portos – sobretudo, mas não só,
se houver chances de integração entre os dois modais. Também estão no grupo de
interessados empresas europeias.

O plano de capitalização da Malha Sul prevê a atração de um
montante de R$ 2 bilhões, que serão utilizados dentro de uma estratégia de
investimento no ativo orçado em R$ 4 bilhões. Esse é o valor total de recursos
considerado necessário para adequar a Malha Sul – uma das mais criticadas por
usuários – a padrões operacionais mais elevados. E, dessa forma, atender ao
crescimento futuro de demanda de cargas na região, além de atrair volumes hoje
transportados por caminhões.

Cabe ao Bank of America Merrill Lynch (BofA) atuar no
processo de captação e seleção de investidores interessados na Malha Sul. A
preferência é que o perfil do potencial sócio seja de investidor com visão de
longo prazo no negócio. Além do aporte de capital, a Rumo prefere um sócio que
possa agregar a garantia de carga.

A Malha Sul é a maior em extensão da Rumo, mas não em
faturamento. O principal negócio do grupo hoje é o corredor do agronegócio que
interliga as malhas Paulista à Norte, entre Rondonópolis (MT) e Santos (SP) –
onde a Rumo tem um complexo de terminais para exportação de grãos.

Já a Malha Sul abrange os Estados do Sul em corredores que
chegam aos portos de Paranaguá (PR), São Francisco do Sul (SC) e Rio Grande
(RS). É um ativo fundamental sobretudo no escoamento de granéis – como o complexo
soja, açúcar, arroz, trigo e fertilizantes -, mas também busca aumentar a
relevância no transporte de cargas de alto valor agregado, como produtos
industriais.

A entrada de um sócio na Malha Sul tem como prerrogativa a
renovação antecipada do contrato da concessão com a União válido por 30 anos.
Assinado em 1997, vence em 2027, mas há previsão contratual de prorrogação pelo
mesmo período. A Rumo já entrou com o pedido na Agência Nacional de Transportes
Terrestres (ANTT), mas o pleito de prorrogação da Malha Paulista deve ser
aprovado antes porque está mais adiantado. Ontem, em evento em São Paulo, o
diretor-geral da ANTT, Jorge Bastos, estimou que o aditivo da Paulista seja
assinado em outubro.

Com a Medida Provisória 752, convertida na Lei 13.448, de junho,
que estipulou as regras para renovações antecipadas de ferrovias, a expectativa
é que haja mais segurança jurídica para o processo ser bem-sucedido.
Procurados, Rumo e BofA não comentaram o assunto.

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