Safra de grãos do Paraná é estimada em 40 milhões de toneladas

A Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Paraná
divulgou uma nova estimativa de safra que prevê produção acima de 40 milhões de
toneladas de grãos entre as três safras plantadas no Estado. O relatório do
Departamento de Economia Rural (Deral), que acompanha mensalmente a evolução
das lavouras, registrou as perdas iniciais na safra de trigo, devido à geada
recente, seca durante a evolução da cultura e, ainda, menor área de plantio. A
área da segunda safra de soja, por exemplo, que no ano passado foi de 166 mil
hectares, neste ano, é zero, conforme o Deral. Considerando soja, milho, trigo
e feijão, a previsão anterior do órgão era de uma colheita de 41,783 milhões de
toneladas.

O secretário paranaense de Agricultura, Norberto Ortigara,
diz que ainda há riscos pela frente e prevê que poderão ocorrer novas perdas
para os cereais de inverno como aveia, cevada, centeio, trigo e triticale.
“Para o trigo, principal cereal de inverno no Paraná, as geadas ocorridas no
mês de junho não causaram prejuízos às lavouras. Já as de julho causaram alguns
danos que começam a ser contabilizados”, disse ele.

O diretor do Deral, Francisco Carlos Simioni, diz que os
dados consolidados mostra que a safra de grãos de verão foi encerrada foi de 25
milhões de toneladas, um aumento de 24% sobre o ciclo anterior. A segunda safra
de grãos, em andamento, está com expectativa de aumento de 30% sobre o mesmo
período do ano passado, devendo atingir 14 milhões de toneladas puxada pelo
milho segunda safra.

“Nossas atenções estão concentradas na cevada e no trigo,
que representam cerca de 81,5% da área cultivada no inverno e 88,3% da produção
esperada. Até agora estamos bem, mesmo convivendo com frentes frias no final de
abril, nos primeiros dez dias de junho e na segunda quinzena de julho com
ocorrências de geadas”, explica Simioni.

Segundo ele, apesar do frio, chuva e agora seca, os
produtores têm driblado as variações abruptas do clima. “De maneira geral, as
estimativas feitas pelo Deral continuam apontando que o Paraná vem de uma
sequência de boas safras, beneficiado pelo clima, como ocorreu nas demais
regiões produtoras de grãos do mundo na safra 2016/2017.”

 

Trigo

O Deral relata que o trigo plantado no Paraná já registra
perdas de 6% na produção devido às geadas recentes e período de seca que
atingiu as lavouras do Oeste e Centro do Estado. Fora isso, houve redução de
área ocupada pela cultura, que este ano foi 13% menor. A expectativa inicial do
Deral era colher 3 milhões de toneladas de trigo e agora foi reavaliada para
2,8 milhões de toneladas.

O engenheiro agrônomo do Deral, Carlos Hugo Godinho, prevê
novas perdas com a previsão com a ocorrência de, pelo menos, mais duas geadas
até o final do inverno, conforme as projeções dos especialistas em clima. Além
disso, essas perdas serão melhores dimensionadas à medida que as plantas
crescem e revelam com mais intensidade os danos ocorridos. Segundo Godinho, 56%
da área plantada (955.835 hectares) ainda está exposta a risco de geadas.

O mercado esboçou uma reação tímida a esse cenário e o
produtor ainda está com o produto cotado abaixo do custo de produção. O preço
de venda está estimado em R$ 36 a saca, enquanto o custo foi de R$ 38 a saca
para o produtor plantar. A preocupação é que o período ainda é de entressafra e
quando for de colheita, a tendência é de caírem os preços pagos ao produtor.

 

Milho

Os analistas do Deral comentam que, com metade da segunda
safra de milho já colhida, é possível prever um grande volume do cereal neste
ano no Estado. As duas safras devem totalizar 18,5 milhões de toneladas, cerca
de cinco milhões acima da colheita obtida no ano passado. A primeira safra, já
encerrada, rendeu 4,9 milhões de toneladas, um aumento de 47% sobre igual
período no ano passado. A segunda safra, com a colheita em curso, deverá
atingir 13,7 milhões de toneladas, um aumento de 35% sobre o mesmo período do
ano passado.

Apesar de um bom volume, a segunda safra de milho apresenta
uma perda de 3% em relação ao potencial produtivo estimado pelo Deral, que
apontava para uma colheita de 14,2 milhões de toneladas. De acordo com o
analista e administrador Edmar Gervásio, a primeira safra de milho do Paraná
contribuiu com 47% a mais no volume e 24% a mais na área plantada. A segunda
safra contribuiu com 35% a mais no volume e 10% na área plantada.

A produção de milho paranaense atende ao mercado interno no
suprimento das cadeias produtivas de suínos e aves. Mas, este ano, a tendência
é aumentar o ritmo de exportações que podem atingir entre três e quatro milhões
de toneladas, ressaltou Gervásio. Com maior oferta, os preços pagos aos
produtores caíram de R$ 30 a saca, há um ano, para cerca de R$ 18 a saca,
atualmente – uma queda de 48%. De acordo com o técnico, os preços retornaram
próximos à média histórica, de R$ 20 a saca, devido ao excesso de oferta do
grão.

 

Feijão

O levantamento do Deral mostra que a segunda safra de feijão
já está totalmente colhida e atingiu um volume de 339 mil toneladas, 14% maior
que a produção obtida no mesmo período do ano passado. Apesar disso, as
lavouras apresentavam um potencial produtivo estimado pelo Deral, de 455 mil
toneladas.

Segundo o economista Methódio Groxco, houve uma perda de 25%
sobre o potencial produtivo em decorrência das primeiras geadas que atingiram
as lavouras de feijão no Sudoeste do Estado, no mês de abril. Além disso,
ocorreram chuvas em excesso entre os meses de maio e junho que também
prejudicaram as lavouras.

Segundo Groxco, a comercialização do feijão este ano está
mais lenta porque o mercado está com muita oferta, com grandes volumes do grão
vindos de outros estados e também da Argentina. Além disso, no período de
férias reduz-se o consumo de feijão, o que vem provocando queda nos preços
pagos ao produtor. No mês de julho, o feijão de cor está com queda de 42% e o
feijão preto, com 70% de redução.

 

Soja

Os números consolidados do Deral estimam a produção de soja
em 19,6 milhões de toneladas, volume 19% acima do colhido no ano passado.
Marcelo Garrido, economista do Deral, diz que comercialização está mais lenta
que no ano anterior por causa da queda nos preços. Segundo ele, nesta mesma
época no ano passado produtor vendeu a soja por R$ 75 a saca. “Este ano, está
cotada a R$ 60 a saca, uma redução de 20% devido ao excesso de oferta no
mercado e também por causa do câmbio, que não está muito atraente. Diante
disso, o produtor está retendo o produto o quanto pode”, explica Garrido.

Fonte: Globo Rural

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