Os fertilizantes importados de outros países poderão ser
transportados por meio de ferrovias do Porto de Santos, no litoral de São
Paulo, até a cidade de Rondonópolis, em Mato Grosso, considerada uma das mais
expressivas do agronegócio brasileiro e a maior consumidora de adubos. Os
vagões esvaziados em Santos poderão voltar carregados com fertilizantes, o que
deve baratear o custo da cadeia logística e pode trazer vantagens econômicas
para o consumidor.
Atualmente, o Brasil importa a maior parte dos fertilizantes
usados no país. Segundo um levantamento da Associação dos Misturadores de
Adubos do Brasil (AMA Brasil), cerca de 8 em cada 10 toneladas de fertilizantes
utilizados em 2016 veio de outros países.
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Os fertilizantes saem dos portos do Sul do país, como
Paranaguá, que tem os custos portuários pela metade do preço de Santos, e
seguem, por meio de rodovias, para o Mato Grosso. O Estado utiliza cerca de 20%
do total de fertilizantes que entram no Brasil, se tornando o maior consumidor
desses insumos.
Porém, verificou-se que o principal corredor de exportação
de grãos, o Terminal do Porto de Santos (SP) e o Terminal Multimodal de
Rondonópolis (MT), poderia ser aproveitado também para o transporte dos
fertilizantes utilizando uma logística que reduziria os custos para o
consumidor.
A Rumo, maior concessionária ferroviária do país,
desenvolveu um projeto para que um novo modelo de transporte de fertilizantes
comece a operar em abril do ano que vem. Na maioria das vezes, os vagões saem da
região Centro-Oeste carregados de grãos, rumo ao cais santista, e retornam
vazios.
“São cerca de 18 milhões de toneladas de grãos por ano para
Santos e a gente não aproveita os vagões, sendo que tínhamos a opção de voltar
com fertilizantes. Já fazemos esse percurso, o custo para eu voltar com o
fertilizante é quase zero. Vamos investir cerca de R$ 200 milhões para
viabilizar a logística”, explicou Raphael Túlio, gerente comercial de açúcar e
fertilizantes da Rumo.
O investimento contempla obras de ampliação que darão ao
terminal de Rondonópolis uma capacidade de descarregamento de 7,5 milhões de
toneladas de fertilizantes ao ano. A previsão da empresa é que, em 2018, sejam
descarregados entre 1 milhão e 1,5 milhão de toneladas de fertilizantes,
atingindo 2,5 milhões de toneladas em 2020.
A utilização do modal ferroviário deve reduzir o custo da
cadeia logística e trazer vantagens para o consumidor. Atualmente, o transporte
para as áreas de produção agrícola é feito, principalmente, por rodovia, o que
encarece o preço final do produto.
“O transporte ficará cerca de 25% mais barato. Além da
redução do custo do modal ferroviário, por estar movimentando uma massa muito
grande, conseguimos negociações competitivas de custo portuário. O principal
benefício é para os clientes e para o produtor final porque o valor será mais
competitivo. Será a opção mais barata que traz o fertilizante de Santos. Ele
irá mudar o modelo de fertilizantes no país”, afirmou Túlio.
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