Valor da venda de passagens do metrô de BH é maior que repasse da União

A operação do metrô de Belo Horizonte
corre o risco de ficar prejudicada devido a contingenciamento de 40%dos
recursos repassados pelo governo federal para a Companhia Brasileira de Trens
Urbanos (CBTU) em relação aos valores de 2017, saindo de R$ 260 milhões para R$
150 milhões, montante que será dividido entre a capital mineira, Natal, Maceió,
João Pessoa e Recife. Somente em BH, o faturamento com a bilheteria por ano é
de R$ 99,6 milhões, mas o valor é repassado para um caixa único e repartido com
os outros municípios. O governador Fernando Pimentel (PT) prometeu ir à
Brasília junto com o prefeito Alexandre Kalil (PHS) para tentar evitar a parada
do metrô de Belo Horizonte. Até as 19h, entretanto, o prefeito informava que não
havia recebido convite do governador para o encontro. Já a CBTU diz que
necessita de uma recomposição na Lei Orçamentária Anual para não ter problemas
na operação do sistema.

A divulgação do contingenciamento dos
recursos ocorreu depois que começou a circular nas redes sociais,
principalmente de pessoas ligadas ao metrô, uma ata da reunião entre todas as
superintendências da CBTU. O encontro teria ocorrido em 31 de janeiro. No
documento, consta a redução de 42% do orçamento em relação ao ano passado. Belo
Horizonte vai receber, segundo o Sindicato dos Metroviários de Minas Gerais
(Sindimetro-MG), aproximadamente R$ 54 milhões para o ano todo. “Por mês, dá
uma média de R$ 4,3 milhões. Somente com energia de tração são gastos R$ 2
milhões por mês, ou seja, metade do valor. Com certeza vai faltar verba”,
afirmou Robson Zeferino, diretor do Sindmetro-MG. Na ata também constam medidas
de economia que seriam adotadas pela CBTU a partir de março, como operação
comercial apenas em horários de pico, de segunda-feira a sexta-feira, além da
notificação de empresas prestadoras de serviços para a suspensão parcial ou
total de contratos. Os trabalhadores receberam a notícia com preocupação e
questionaram a forma como são feitos os investimentos. “Somos a unidade que mais
arrecada. Esse dinheiro vai para o caixa único e é distribuído para outras
cidades da Federação. Arrecadamos mais e recebemos menos. É uma briga antiga”,
explicou Zeferino.

A média de passageiros por dia em BH,
segundo o Sindmetro, é de 220 mil pessoas. A arrecadação com a bilheteria é de
aproximadamente R$ 99,6 milhões. Há ainda arrecadação com a publicidade nas
estações e aluguéis de galpões da CBTU. Os trabalhadores acreditam que a falta
de repasse pode influenciar no valor das passagens. “Nossa passagem é R$ 1,80
há 13 anos. Pode ser uma Justificativa para aumentar o valor”, disse o diretor
do Sindmetro.

BRIGA DE GOVERNOS A notícia de que o
metrô de BH pode ter os serviços paralisados devido ao contingenciamento de
recursos, escancarou uma crise entre os governos de Minas e o Federal. Por meio
de um vídeo publicado em sua página no Facebook, o governador Fernando Pimentel
fez críticas e aproveitou para reclamar da fala do ministro da Saúde, Ricardo
Barros, que na sexta-feira acusou o estado de não repassar recursos da União
para os municípios e hospitais no combate à febre amarela.

“Se não bastasse a inexistência de
ministros mineiros no governo do presidente Temer, se não bastasse o descaso
com que eles tratam Minas Gerais, as declarações infelizes que o ministro da
Saúde há pouco tempo falou atribuindo a culpa da febre amarela ao estado de
Minas Gerais quando na verdade a União é que é responsável, passa dinheiro
direto para os municípios e não passou. É por isso que estamos com essa
tragédia aí da febre amarela”, diz o governador. “Se não bastasse tudo isso,
agora querem parar o metrô de Belo Horizonte. É impossível. Minas vai reagir.
Eu já pedi audiência ao presidente Temer, vou falar com o prefeito Kalil, nós
vamos juntos lá. É impraticável esse tipo de atitude com Minas Gerais. Nós não
vamos aceitar”, enfatizou Pimentel.

O deputado federal Fábio Ramalho
(MDB-MG), que é vice-presidente da Câmara dos Deputados e coordenador da
bancada mineira na Câmara, se reuniu com o ministro de Planejamento Dyogo Oliveira
para tratar do assunto. “Ele fez uma proposta de passar o metrô para o estado.
Com isso, daria alguns terrenos da União, como o Aeroporto Carlos Prates.
Amanhã (hoje), estou convocando uma reunião com a bancada de Minas sobre o
assunto para buscar uma solução. Além disso, vou conversar com o ministro das
Cidades, Alexandre Baldy”, destacou Ramalho.

PREFEITURA A Prefeitura de Belo
Horizonte informou que o prefeito Alexandre Kalil ressalta que tem boas
relações com o presidente Michel Temer e com o ministro das Cidades, Alexandre
Baldy, e está se informando oficialmente sobre a questão, para que possa
intervir de maneira a garantir que o serviço continue e que a população de Belo
Horizonte não seja prejudicada”. O prefeito esclareceu ainda que até aquele momento
(19h de ontem) não havia recebido nenhum telefonema do governador sobre uma
eventual ida a Brasília.

 

Leia Mais: Com corte no orçamento,
trens urbanos podem parar na Grande JP

Fonte: EM

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