Mais uma
vez, as commodities industriais terminaram sem uma tendência definida durante
março. Se em fevereiro o petróleo perdeu força e o minério se recuperou, neste
mês a situação se inverteu. O maior destaque do complexo de matérias-primas
usadas pela indústria foi o minério de ferro, com a queda mais intensa desde
setembro e a segunda maior nos últimos 22 meses.
A maior
parte dos analistas já alertava para o preço alto demais do minério e esperava
enfraquecimento especialmente no segundo semestre. A turbulência causada pelo
protecionismo nos Estados Unidos, contudo, ajudou a acelerar essa tendência.
Ontem, a commodity com teor médio de 62% de ferro entregue no porto chinês de
Qingdao fechou cotada em US$ 63,12 a tonelada, com 19,7% de perdas em março.
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Como janeiro
e fevereiro foram bastante positivos para o insumo, entretanto, a cotação média
do primeiro trimestre permanece alta. Até ontem, marcava US$ 74,55 – 13,8%
acima do quarto trimestre de 2017 e recuo de 12,9% na comparação anual.
Consenso dos analistas feito pelo Valor mostra estimativa média de US$ 61,50
para o fim do ano. Para 2018 como um todo, a previsão é de US$ 63,10.
[Os temores
de] guerra comercial [entre EUA e China], mas também a demanda
surpreendentemente fraca após o Ano Novo Chinês e estoques cada vez maiores de
minério, aço e carvão trouxeram mau humor ao mercado”, comenta Norbert
Rücker, chefe de análise de commodities do banco suíço Julius Baer, em nota.
Segundo ele, a expectativa é de apenas estabilidade no investimento chinês em
infraestrutura e crescimento menos rápido do consumo de máquinas e equipamentos
durante 2018.
Ao mesmo
tempo, o cenário continua de aumento na oferta das maiores produtoras do mundo,
de Brasil e Austrália. A BMI Research, consultoria da agência de classificação
de risco Fitch, acredita que ao menos até o início da próxima década o excesso
de oferta será considerável, impedindo a sustentação de altos preços do
minério. Outro fator de pressão apontado pela instituição é o alívio financeiro
às mineradoras menores causado por essa cotação alta desde o fim do ano
passado. Elas também contribuem para o excesso.
O petróleo,
por sua vez, entrou em rota de recuperação. Em março, questões geopolíticas
trouxeram a percepção de menor fornecimento da commodity ao mercado internacional
e ofuscaram em partes a acelerada produção pelo xisto americano. O segundo
contrato do Brent avançou 7% na ICE Futures de Londres, para US$ 68,84 o
barril, enquanto o WTI subiu 5,5% na Nymex, de Nova York, para US$ 64,50.
Em primeiro
lugar, impulsionou a matéria-prima a preocupação do mercado quanto a novas
sanções dos EUA ao Irã, abandonando o acordo nuclear com o país. “No
entanto, mesmo que as sanções retornem, sem o apoio da União Europeia e da
China duvidamos que as exportações caiam tanto quanto da última vez, quando
foram impactados 1 milhão de barris diários”, escreve Thomas Pugh,
economista da consultoria Capital Economics.
Além disso,
a crise na Venezuela tem beneficiado a cotação do barril. Só nos últimos seis
meses, a produção de petróleo teve de ser reduzida em quase meio milhão de
barris diários por falta de recursos para exploração. Isso ajudou a Organização
dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e seus aliados a mais que cumprir
sua meta de cortes iniciada em 2017.
Para o Bank
of America Merrill Lynch (BofA), dificilmente a commodity passa de US$ 80, por
conta do quanto isso incentivaria maior produção fora da Opep, mas também
porque a demanda em países como China e Turquia seria limitada pelo barril tão
caro, provocando ajustes na cotação.
– Fonte: http://www.valor.com.br/empresas/5416447/minerio-termina-marco-com-queda-de-20
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