Prefeitura desativa estação de BRT em Campo Grande

Acabou a
esperança da população de ter ligação direta de transporte público entre Campo
Grande e a Barra da Tijuca. Funcionários da prefeitura começaram a desmontar
ontem a estação do BRT Maria Tereza, construída em 2012 ao custo de R$ 1,5
milhão, em Campo Grande, e jamais inaugurada. A estrutura serviria a uma futura
ampliação do sistema pela Estrada do Monteiro, anunciada pelo ex-prefeito
Eduardo Paes. O projeto nunca teve um prazo definido e ficou na promessa.

A Associação
Comercial e Industrial de Campo Grande (ACICG) informou que partiu dela, em
conjunto com associações de moradores, o movimento pela desativação. Segundo a
entidade, a estação tem sido usada por moradores de rua e sua presença
‘fantasma’ afeta a sensação de segurança no local. Outra justificativa
apresentada é que a estrutura atrapalha o trânsito.

“Documentos
foram levantados, estudos foram feitos, ofícios encaminhados e diversas horas
de reuniões com os órgãos competentes […] Muitos anos foram perdidos,
dinheiro público desperdiçado, até finalmente atingirmos um objetivo
considerado como básico por qualquer cidadão consciente: a desativação de um
mobiliário que, além de estar atrapalhando, não está sendo utilizado para
nada”, afirmou a ACICG em nota.

Passageiros
que contavam com a conclusão do trecho e a redução do tempo de viagem
lamentaram a decisão. Após a implantação do corredor Transoeste, as linhas
diretas de ônibus entre Campo Grande e a Barra foram extintas. Segundo
Guilherme Braga Alves, pesquisador do Laboratório do Direito à Cidade e morador
de Campo Grande, para fazer o trajeto é preciso pegar ônibus alimentador até
Mato Alto ou Magarça e depois o BRT ou tomar um BRT para Santa Cruz e, de lá,
trocar para outro até a Barra. Quem quer se livrar da baldeação paga R$ 14 em
ônibus executivo. Ele estima que a viagem seria encurtada em 40 minutos.

“A
prefeitura precisa definir um cronograma para a implantação deste trecho, que
está previsto no Plano de Mobilidade Urbana, além de explicar quais são os
critérios técnicos que justificaram a decisão e quanto custará a operação de
remoção”, ressaltou Guilherme.

“A
desmontagem da estação Maria Tereza é uma forma de terminar errado o que
começou sem destino certo. Essa linha de BRT seria a mão na roda que a região
de Campo Grande tinha até 2014, quando a última linha direta pra Barra foi
extinta. Uma facilidade no transporte que seria devolvida a nós”, comentou
o técnico de informática Jorge Lucas Araújo, morador de Inhoaíba.

Gabriel de
Oliveira, coordenador de Transporte Público do ITDP Brasil, instituição de
referência em mobilidade, criticou a medida. “Se a estação tivesse sido
inaugurada, seria uma área mais movimentada e o comércio provavelmente teria
maior circulação, afinal estações de transporte dinamizam a economia local.
Infelizmente não poderemos mais testar essa hipótese.”

 

Estrada será
duplicada

 

Sem a
estação, a prefeitura informou que vai duplicar a capacidade de tráfego na
Estrada do Monteiro e fará canteiro central arborizado em até um mês. Novas
linhas de ônibus, no entanto, não são cogitadas. Segundo a Secretaria de
Transportes, a estrutura será guardada para repor peças em outras estações. O
órgão argumentou que o local sofria com a invasão de população de rua, usuários
de drogas e vandalismo, e que a prioridade é terminar o BRT Transbrasil.

A Maria
Tereza ficava entre Campo Grande e Mato Alto e foi alvo de várias manifestações
de moradores. Para concluir o trecho, de 12 km, faltava construir pelo menos
duas estações e as pistas. O Consórcio BRT afirmou que a ligação desafogaria
estações como a Magarça e Pingo d’Água, e classificou a medida como falta de
investimento no sistema BRT. A CPI dos Ônibus da Câmara questionará hoje o
secretário de Transportes Rubens Teixeira.

 

– Fonte: https://odia.ig.com.br/rio-de-janeiro/2018/03/5521632-prefeitura-desativa-estacao-de-brt-em-campo-grande.html

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