A Câmara
Municipal de Corumbá está propondo ao Ministério dos Transportes uma ampla
discussão em torno da prorrogação do contrato de concessão da malha ferroviária
paulista com a Rumo, empresa que incorporou a América Latina Logística (ALL).
Além da recuperação do patrimônio, que se encontra bastante sucateado, a
intenção do Poder Legislativo corumbaense é fazer com que seja retomado o
transporte ferroviário de passageiros entre Corumbá – Campo Grande, bem como a
criação de uma linha turística no trecho Corumbá – Porto Esperança.
O assunto
foi levantado na sessão de ontem, segunda-feira (07), pelo presidente da Casa
de Leis, Evander Vendramini, que entrou com um requerimento de urgência
especial endereçado ao ministro dos Transportes, Valter Casimiro Silveira,
solicitando uma ampla discussão em torno da prorrogação do contrato de
concessão com a Rumo, no sentido de se conhecer o projeto de investimento na
região de Corumbá, proposto pela empresa.
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“Vamos
encaminhar um e-mail ao ministro, mostrando a nossa preocupação em relação ao
assunto, e solicitando do mesmo, que ocorra em Corumbá, uma audiência para que
possamos tratar dessa questão, sabermos o que realmente está projetado, além de
apesentarmos as nossas necessidades”, explicou Evander.
O vereador
citou que é preciso também envolver toda a bancada federal sul-mato-grossense
no processo. “Restam ainda 10 anos para finalizar o contrato atual e já
estão tratando da renovação por mais 20 anos. Antes, precisamos discutir a
questão que interessa, e muito, à população pantaneira”, disse.
Citou que é
preciso, antes de ocorrer a renovação, fazer exigências à Rumo, tais como a
recuperação de toda a malha ferroviária, trecho Santos – Corumbá, que se
encontra totalmente sucateada. Lembrou que durante os últimos anos, não
ocorreram investimentos necessários à altura da região, e que essa
“renovação por mais 30 anos, deve ficar explícito que a Rumo retomará o
transporte de passageiros entre Corumbá e Campo Grande, além de implantar uma
linha turística de Corumbá a Porto Esperança”.
Evander
ganhou apoio de todos os vereadores da Casa de Leis que também fazem exigências
para prorrogação da concessão, principalmente no que se refere à recuperação da
malha, volta do três de passageiros e implantação do trem turístico.
Problemas
Chicão
Vianna, por exemplo, lembrou que além dos problemas citados por Evander, o
abandono da malha tem afetado bastante a área urbana. “Os trilhos, nas
passagens de nível, estão acima do pavimento e isso tem causado problemas ao
veículos e prejuízos aos condutores. É preciso que sejam tomadas providências
urgentes”, cobrou.
Manoel
Rodrigues lembrou que a Rumo só fará investimentos a partir da renovação.
Diante disso, afirmou que é preciso “saber o que terá de investimentos na
região de Corumbá”, e que é preciso que as autoridades competentes
detalhem o projeto, em uma audiência na cidade.
Trem do
Pantanal
A discussão
em torno do assunto fez o vereador Roberto Façanha lembrar do Trem do Pantanal.
Disse que começou de forma errada, com uma linha entre Campo Grande/Indubrasil
a Aquidauana, quando deveria ser Corumbá a Porto Esperança. “Isso acabou
com o sonho de Corumbá”, afirmou para lembrar em seguida que, com o
abandono, veio o sucateamento da malha, inclusive das estações existentes ao
longo do trecho.
Além de concordar
com Façanha, Tadeu Vieira afirmou que é preciso união de forças e alinhamento
político com toda a bancada federal. “Não podemos pensar apenas em
transportar minério, soja… É preciso lutar para que tenhamos de volta o trem
de passageiros, bem mais barato que o transporte rodoviário, como a implantação
do trem turístico, o verdadeiro Trem do Pantanal”.
André da
Farmácia lembrou que esta situação, reforça ainda mais a importância de Corumbá
ter representatividade. “Hoje não temos ninguém para levantar a nossa
bandeira. O momento é agora e temos que trabalhar para elegermos deputados
daqui, da nossa região”, cobrou.
Renovação
Como se
sabe, o Ministério dos Transportes anunciou a renovação e prorrogação de cinco
contratos de concessão de ferrovias, numa extensão de 12 mil quilômetros,
incluindo 1.600 km entre os portos de Santos (SP) e Corumbá (MS). A expansão da
malha ferroviária passou a ser a principal agenda de logística do Governo
Federal este ano, em razão de estudo do Banco Mundial apontando a insuficiência
do setor ferroviário e suas consequências ao transporte rodoviário, hoje
hipertrofiado.
A
prorrogação das concessões é a melhor alternativa, segundo estudo do Ministério
dos Transportes, devido à complexidade na execução de um projeto ferroviário,
seja pelo poder público, seja por empresas com experiência no setor. O Governo
Federal elegeu como agenda prioritária de 2018 investimentos ferroviários no
Centro Oeste (Ferrogrão) e a Ferrovia da Integração. A ideia é conectar os
novos troncos às ferrovias que cortam as regiões Leste-Norte e Leste-Oeste de
Mato Grosso do Sul (antigas Ferronorte e Novoeste), sob concessão da Rumo, que
incorporou a América Latina Logística (ALL).
A Rumo
projeta investir R$ 4,7 bilhões na melhoria da malha paulista em troca do
prolongamento por mais 30 anos, do contrato de concessão (vence em 2028). Um
dos projetos engloba 1,6 mil km de ferrovia de Santos a Corumbá e outros 600 km
dentro da Bolívia, totalizando 2,4 mil km. O investimento inicial será feito em
modernização da malha ferroviária, que foi construída na década de 60 e está
sucateada em quase toda extensão.
Beneficia
também as exportações da fábrica de celulose Fíbria, já que a empresa construiu
um terminal intermodal em Aparecida do Taboado – cidade por onde cruzam os
trilhos da Rumo Malha Norte – para escoar a produção de 1,95 milhão de
toneladas/ano por ferrovia até o terminal no Porto de Santos.
– Fonte: http://www.correiodecorumba.com.br/index.php?s=noticia&id=29690
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