‘Governo não pode adotar medidas populistas’

Empresário
vê com preocupação uma possível intervenção política na economia

 

O empresário
Rubens Ometto Silveira Mello, fundador e presidente de administração do grupo
Cosan, vê com preocupação a possibilidade de o governo passar a adotar medidas
populistas que possam interferir na economia e na gestão da Petrobrás. O
executivo Pedro Parente renunciou hoje cedo ao cargo – Ivan Monteiro, diretor
financeiro da estatal, assumiu interinamente. “Sou a favor da economia de
mercado. Decisões populistas podem agradar no curto prazo, mas não são
eficientes” A seguir, os principais trechos da entrevista.

 

A saída de
Pedro Parente preocupa?

 

Pedro
Parente foi muito importante para a Petrobrás. Acredito que o Pedro quis deixar
o governo à vontade para fazer o que tinha de fazer. Não sei se ele concordaria
com mais intervenção política. Acho que algumas pequenas adaptações precisam
ser feitas, mas sem prejudicar a Petrobrás. Se vier uma política de intervenção
na Petrobrás ou mesmo na economia, será um desastre. Espero que (o governo) não
esteja nesta direção.

 

Que pequenas
adaptações têm de ser feitas?

 

Esses
ajustes talvez passem por reajustes (de preços dos combustíveis) mensais para
dar mais previsibilidade, como é feito no gás, por exemplo. Mas tudo isso sem
prejudicar a Petrobrás.

 

O nome de
Ivan Monteiro agrada ao mercado?

 

Acho muito
bom.

 

O governo
não soube conduzir a crise na greve dos caminhoneiros?

 

Ninguém
estava preparado. Essas coisas acontecem e fazem parte da vida democrática.
Poderiam ter tomado medidas antes… Mas em uma semana o governo resolveu.
Talvez tenham alguns erros de discursos porque não conhecem necessariamente a
tecnicidade do setor energético no Brasil. Acho errado  o movimento de aproveitadores que usam o
momento de forma oportunística.

 

Qual a lição
que fica desta crise?

 

Acredito em
economia de mercado. Sou contra o populismo. Minha preocupação é de não ir na
onda oportunística. O que o governo anterior estava fazendo com a Petrobrás e
empresas públicas era um absurdo. É fácil ser populista. A curto prazo, as
medidas parecem boas, mas engana todo mundo.

 

A atual
crise muda a corrida eleitoral em outubro?

 

Este
episódio vai ser bom para saber o que cada um (dos pré-candidatos) pensa.
Agora, cada um deles vai ter de mostrar a cara. Todo mundo é contra a reforma
da Previdência. Mas como é que faz?  Se
forem parar para pensar, as reformas têm de ser feitas para reduzir as despesas
e, depois, os impostos.

 

– Fonte: https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,governo-nao-pode-adotar-medidas-populistas,70002334047


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