O Brasil continuará dependente de
caminhões para movimentar sua economia por muitos anos ainda, até ter uma rede
de hidrovias e ferrovias capaz de fazer o papel que hoje é desempenhado em sua
maior parte pelas rodovias, disseram à Reuters especialistas do setor de
transportes.
A greve dos caminhoneiros, que apesar
de perder o fôlego entrou em seu décimo dia nesta quarta-feira, evidenciou um
quadro de um país refém de um único modal e cuja saída encontrada pelo governo
para aplacar a ira dos motoristas não deverá contribuir para uma solução de
longo prazo para os problemas logísticos do país.
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O ex-diretor da Agência Nacional de
Transportes Terrestres (ANTT) Bernardo Figueiredo ressalta que o subsídio de
quase 10 bilhões de reais que será bancado pelo governo federal para baixar o
preço do diesel até o fim do ano seria suficiente para construir cerca de 1.000
quilômetros de ferrovia.
Para se ter uma ideia do que isso
representa, a principal aposta do governo para o setor ferroviário neste ano é
a concessão de um trecho de cerca de 1,5 mil quilômetros da ferrovia Norte-Sul
que está em obras desde o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Antes da greve dos caminhoneiros, a
expectativa do governo era publicar a versão final do edital do leilão da
Norte-Sul até o início do segundo semestre e realizar o leilão ainda este ano,
apesar das incertezas geradas pelo cenário eleitoral.
Mas em termos de construção de novas
linhas férreas, governos vêm, desde o Programa de Investimentos em Logística
(PIL), da ex-presidente Dilma Rousseff, até o Programa de Parcerias de
Investimentos (PPI), de Michel Temer, tentando lançar modelos que atraiam o
capital privado, sem conseguirem alterar a matriz de cargas do país.
Segundo a Confederação Nacional dos
Transportes (CNT), 61 por cento do transporte de carga do Brasil é feito por
rodovia e 21 por cento por ferrovias, uma relação que persiste praticamente
inalterada há anos.
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