Com dois
anos de paralisação nas obras da linha 6-Laranja, moradores da Brasilândia, na
zona norte de São Paulo, criaram um movimento para cobrar a retomada do
projeto: o “Metrô Brasilândia, já!”
O governo do
estado começou a anular o contrato com a empresa responsável em março e deve
abrir uma nova licitação. A linha ligará a região com mais de 264 mil
habitantes à estação São Joaquim, no centro da capital.
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Aluno de
pedagogia e estagiário da área de educação, Fernando Ferreira dos Santos, 35, é
um dos organizadores do comitê. “O movimento tem oito meses. Fizemos algumas
reuniões, mas apenas agora começou a ganhar força”, afirma.
A ideia é
levar a cobrança para a Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo).
Orçada em R$ 9,6 bilhões, a obra começou em 2013 e teve apenas 15% da execução
concluída. Deveria ser entregue em 2020. Recentemente, a previsão foi
postergada para 2021.
Enquanto o
processo não avança, mudanças já ocorreram como as desapropriações de imóveis.
Porém, os espaços ficaram vazios e têm causado reclamações de falta de
segurança. Mais de 50 pessoas participaram de um ato do grupo no domingo (2) no
salão da Igreja Santo Antônio de Vila Brasilândia.
“Desapropriaram
os moradores e acabaram com o bairro, parece um cemitério grande e fechado por
tapumes”, diz Suzimar de Moraes, 50, morador do bairro.
Para o
auxiliar de manutenção predial, Ricardo da Silva Muniz, 34, o maior desejo de
se ter uma linha de metrô é para desafogar o trânsito do distrito, além da
superlotação dos ônibus.
“Ajudaria muito
no deslocamento. Sofro todos os dias, as lotações e os ônibus não dão conta por
aqui”, reflete Muniz.
A professora
Ana Paula Pascarelli dos Santos é diretora da Escola Estadual João Solimeo,
situada em frente ao terreno desapropriado para a estação. A obra finalizada
poderia ajudar especificamente os estudantes do ensino médio que já atuam no
mercado de trabalho.
“O período
noturno tem mais de 700 alunos. Muitos são trabalhadores e têm dificuldade de
chegar aqui. O fato de terem que pegar duas ou três conduções todos os dias
impacta muito no aprendizado”, analisa a professora.
RETORNO DAS
OBRAS?
A STM
(Secretaria dos Transportes Metropolitanos) informou que está em andamento o
processo de caducidade do contrato de concessão da Linha 6 – Laranja. A expectativa
é que o processo termine este ano e seja aberta uma nova licitação.A previsão é
que o contrato seja retomado no início de 2019.
A medida
ocorreu após o descumprimento da última notificação, em fevereiro deste ano,
enviada à concessionária Move São Paulo que determinava a retomada das obras em
30 dias.
A Move São
Paulo alega dificuldades na obtenção de financiamento junto ao BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), especialmente após o
envolvimento das empreiteiras brasileiras na Operação Lava Jato.
Segundo a
STM, a empreiteira foi notificada em 13 autos de infração para que retornasse
às obras.
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