A concessionária de ferrovias Rumo vai quase duplicar a
extensão da Malha Norte que, juntamente com a Malha Paulista, forma o corredor
que liga Rondonópolis (MT) ao porto de Santos (SP), o principal na exportação
do agronegócio brasileiro. Aos 735 quilômetros atuais da Malha Norte a Rumo
pretende adicionar 700 quilômetros para interligar Rondonópolis a Sorriso (MT).
O investimento estimado para construir o trecho é de aproximadamente R$ 6
bilhões.
Por ora a empresa realiza estudos internos sobretudo de traçado
– há ao menos quatro possíveis – e da demanda adicional de cargas que poderão
ser atraídas.
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Como a concessão da Malha Norte só vence em 2079, o
investimento é amortizável dentro do prazo. O projeto, contudo, só deve sair do
papel se houver um grande investimento na ampliação da capacidade da Malha
Paulista, já que a carga a ser escoada pela Malha Norte precisa passar pela
Malha Paulista para acessar o porto de Santos.
É uma questão de ordem lógica. Qualquer expansão na
Malha Norte tem como precondição um grande investimento na Malha
Paulista, disse ao Valor o diretor regulatório e de assuntos
institucionais da Rumo, Guilherme Penin. O executivo debateu o assunto em um
encontro sobre ferrovia realizado em Cuiabá, no início da semana, por onde o novo
trecho deve passar.
A Rumo pretende desembolsar R$ 4,7 bilhões na Malha Paulista
para expandir a oferta anual de transporte das atuais 30 milhões de toneladas
para 75 milhões de toneladas. Para amortizar esse investimento, a companhia
pediu ao governo a prorrogação antecipada da concessão por mais 30 anos, até
2058.
O processo foi aprovado pela Agência Nacional de Transportes
Terrestres (ANTT) no fim de agosto e está no Ministério dos Transportes, Portos
e Aviação Civil. De lá, seguirá para análise do Tribunal de Contas da União
(TCU).
A prioridade zero da Rumo é obter a prorrogação da concessão
da Paulista, no que a empresa está 100% focada. Uma vez alcançado esse
objetivo, o projeto da ampliação da Malha Norte ganhará prioridade. Em
princípio, a previsão é que, levando em conta as etapas de planejamento e
execução, as operações do novo trecho da Malha Norte possam começar em 2023.
Com a duplicação da Malha Norte, a Rumo pretende atrair a
produção agrícola do Meio-Norte. Estudos em curso na empresa apontam duas
vertentes de cargas consideradas promissoras: grãos que hoje não são atendidos
pelo raio de captação de Rondonópolis e as chamadas cargas de retorno, como
fertilizantes. Além disso, a Rumo vislumbra potencial para cargas
industrializadas.
No encontro em Cuiabá, representantes do Fórum Pró-Ferrovia
assinaram um documento de apoio à expansão da Malha Norte e à prorrogação da
concessão da Malha Paulista. O documento será encaminhado ao Ministério dos
Transportes e ao TCU. Entre os signatários, estão a Prefeitura e a Câmara de
Vereadores de Cuiabá; o governo do Estado do Mato Grosso; o consórcio do Vale
do Rio Cuiabá (que reúne 13 municípios); e deputados e senadores da região.
Além das malhas Norte e Paulista, a Rumo explora as malhas
Sul (com 7.208 quilômetros) e a Oeste (com 1.951 quilômetros). Ao todo, são
mais de 12 mil quilômetros de trilhos espraiados pelos Estados de São Paulo,
Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Fonte: https://www.valor.com.br/empresas/5834997/rumo-vai-duplicar-malha-norte-com-mais-700-km
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