Analistas veem resultados recorde para celulose e papel

Preços mais
altos da celulose e do papel, câmbio favorável à exportação e menor custo caixa
de produção devem dar a tônica nos resultados das companhias brasileiras de
celulose e papel no terceiro trimestre. Em linhas gerais, analistas de bancos e
corretoras esperam resultados operacionais recorde, com impacto negativo da
variação cambial entre a abertura e o fechamento do trimestre na linha
financeira.

Maior
produtora mundial de celulose de eucalipto, a Fibria abre a temporada de
divulgação dos resultados do setor amanhã, antes da abertura dos mercados, e
deve anunciar lucro líquido mais de 80% acima do verificado um ano antes,
beneficiada também pela entrada em operação da nova linha de produção da
unidade de Três Lagoas (MS) em 23 de agosto do ano passado.

Para a
última linha do balanço, a projeção média do Bradesco BBI, do Itaú BBA e do BTG
Pactual é de lucro de R$ 1,35 bilhão, 82% acima do resultado apurado no
terceiro trimestre do ano passado. Para a receita líquida, os analistas estimam
em média R$ 5,79 bilhões, alta de 104%. Já o resultado operacional antes de
juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado deve alcançar R$
3,19 bilhões, com avanço de 153%.

Preços mais
altos, câmbio favorável à exportação e menor custo caixa de produção
impulsionaram Ebitda

De acordo
com os analistas Marcos Assumpção, Daniel Sasson e Carlos Eduardo Schmidt, do
Itaú BBA, além da desvalorização do real e do forte volume vendido de celulose,
a queda no custo caixa de produção beneficiou a companhia no trimestre. O banco
projeta vendas de 1,78 milhão de toneladas de celulose, sem considerar os
volumes da Klabin, com alta de 34% na comparação anual e de 12,5% ante o
segundo trimestre. Os preços em dólar da matéria-prima permaneceram estáveis
frente aos três meses anteriores, enquanto os valores em reais devem ter subido
10%.

O Itaú BBA
calcula custo caixa de produção de R$ 580 por tonelada de celulose no terceiro
trimestre, contra R$ 598 por tonelada nos três meses anteriores. O Bradesco
BBI, por sua vez, destaca que os resultados serão recorde. Vendas de celulose
de 1,94 milhão de toneladas, menor custo caixa de produção (R$ 580 por
tonelada), real 9% mais desvalorizado e preços da celulose em dólar estáveis
contribuíram para esse desempenho.

Os
investidores estarão atentos também a possíveis novidades quanto ao processo de
fusão da companhia com a Suzano Papel e Celulose. A Suzano divulga resultados
na quinta-feira e também deve reportar recorde na linha operacional. Mas a desvalorização
do real frente ao dólar terá impacto negativo na linha financeira, tanto pelo
lado da dívida expressa em moeda estrangeira quanto do hedge associado à
transação, o que reduzirá os ganhos. Conforme a média das estimativas de
Bradesco BBI, Itaú BBA, BTG e XP, a Suzano deve anunciar lucro de R$ 462,5
milhões, queda de 42,3%.

Já a receita
líquida trimestral deve subir 44% na comparação anual, a R$ 3,75 bilhões e o
Ebitda deve avançar 69%, para R$ 2,03 bilhões. De acordo com os analistas
Thiago Lofiego, Arthur Suelotto e Isabella Vasconcelos, do Bradesco BBI, o
Ebitda recorde reflete, além do aumento de 5% e 7% nos embarques de celulose e
papel, a queda no custo caixa de produção, para R$ 630 por tonelada. A ausência
de parada para manutenção e preços mais altos da energia explicam a melhora
dessa conta.

Os analistas
do Itaú BBA acrescentam à lista de fatores que contribuíram para o resultado as
margens maiores em papel. O custo caixa de produção deve mostrar queda, para R$
585 por tonelada, com a maior diluição do custo fixo e gasto menor com madeira.
No negócio de papel, as vendas domésticas devem ter subido 2%, beneficiadas
pelas vendas de tissue e alguma melhora nos volumes de outros tipos de papéis.
Frente ao segundo trimestre, a expectativa é de alta de 3% dos preços, diante
do êxito na aplicação de reajustes.

Com
divulgação na segunda-feira, o resultado operacional da Klabin deve ser recorde
por causa dos preços mais altos da celulose e do papel e de custos de produção
inferiores. Para o resultado final da companhia, as projeções compiladas pelo
Valor variam de R$ 150 milhões de lucro (Itaú BBA) a R$ 15 milhões de prejuízo
(XP). Outras duas casas, Bradesco BBI e BTG Pactual, projetam ganho de R$ 71
milhões e R$ 30 milhões, respectivamente. Para a receita líquida, a média das
quatro estimativas é de R$ 2,78 bilhões, alta de 25% na comparação anual. Já o
Ebitda ajustado deve subir 61%, para R$ 1,2 bilhão. Segundo o Itaú BBA, a
margem Ebitda deve alcançar 44,9%, a mais alta já registrada e a alavancagem
financeira deve cair para próximo de 3 vezes, abrindo espaço para potencial
anúncio do novo ciclo de crescimento.

No negócio
de papel, a Klabin deve ter registrado embarques de 452 mil toneladas, com mix
de vendas mais rentável. Para o negócio de celulose, o Itaú BBA projeta
embarques de 380 mil toneladas, com alta de 8% na comparação trimestral. Para o
Bradesco BBI, o custo caixa de produção de celulose ficou em R$ 663 por
tonelada no trimestre, contra R$ 743 por tonelada no segundo trimestre.

 

– Fonte: https://www.valor.com.br/empresas/5942397/analistas-veem-resultados-recorde-para-celulose-e-papel


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