Argentina retoma status no mercado de soja

Se já
ajudaram a evitar um achatamento mais agudo das margens de lucro da indústria
argentina de soja neste ano, marcado por forte queda da produção do grão, a
disputa comercial entre Estados Unidos e China no momento alimentam
perspectivas promissoras para o segmento no país sul-americano nesta temporada
2018/19.

Isso
porque importar a matéria-prima dos EUA continua interessante para as empresas
que a processam para fabricar farelo e óleo de soja na Argentina, o que tem
evitado erosões nos estoques e deverá motivar a recuperação do vizinho no
mercado exportador do grão no ano que vem, sem prejuízo aos embarques dos
derivados.

Segundo
dados do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), no ciclo 2016/17, quando
produziu 55 milhões de toneladas de soja, abaixo apenas de EUA e Brasil, a
Argentina se manteve como o terceiro maior país exportador do grão (7 milhões
de toneladas) e liderou as vendas externas de farelo (31,3 milhões de
toneladas) e de óleo (5,4 milhões).

Em
2017/18, com uma colheita de 17,2 milhões de toneladas menor (37,8 milhões),
conforme o USDA, o país viu seus embarques do grão recuarem 70%, para 2,1
milhões de toneladas, mas registrou quedas bem menores nas exportações de
farelo e óleo – 19,1% e 23,4%, respectivamente.

As
estimativas do USDA deixam claro que essas reduções menores, embora
significativas, refletiram um maior uso de estoques (ver infográfico) e,
sobretudo, de grãos importados para o processamento. No ciclo 2016/17, a
Argentina importou 1,7 milhão de toneladas do grão, volume que subiu para 4,8
milhões de toneladas em 2017/18.

E as
compras continuam aquecidas neste ano-safra 2018/19, que, para efeitos
estatísticos, teve início em setembro. Segundo o USDA, apenas na semana
encerrada no dia 9 de novembro as importações argentinas do grão dos EUA,
desvalorizado em razão das disputas entre Washington e Pequim, somaram 250 mil
toneladas, maior volume semanal em 35 anos.

Esse
volume é uma surpresa, disse na semana Terry Reilly, analista sênior da
Futures International radicado em Chicago, à agência Bloomberg Eles [os
argentinos] estão comprando muito mais soja do que se pensava. E isso
claramente pela oportunidade gerada às indústrias pela queda das cotações da
soja americana, já que os estoques do país permanecem em aproximadamente 35
milhões de toneladas.

Essa
estratégia poderá turbinar a recuperação das trincheiras argentinas no mercado
global em 2018/19. Até agora, o USDA projeta a produção de soja do país na
safra em 55,5 milhões de toneladas estima as exportações do grão em cerca de 8
milhões de toneladas, as de farelo em 29,8 milhões de toneladas e as de óleo de
soja em 5,1 milhões.

Se os
números se confirmarem, o país retomará, embora continue taxando as exportações
do complexo, o status de 2016/17, novamente deixando o Brasil em segundo plano
nas exportações de farelo e reduzindo os prêmios pelo grão brasileiro nos
portos – ainda mais inflados pela oferta escassa no vizinho neste ano já
marcado pelas disputas sino-americanas.

Mas,
principalmente nas exportações de derivados, os resultados poderão ser até
melhores, a depender do destino das tensões entre EUA e China, que podem perder
força a qualquer momento – ou não, como sinalizam as muitas idas e vindas
recentes.

Os
movimentos na Argentina são liderados por grandes múltis que operam em todos os
grandes países exportadores e importadores e, para esses grupos, buscam
preservar ao máximo margens de lucro que encolheram nos últimos anos com um
aumento da oferta superior ao da demanda.


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