Incertezas sobre acordo entre os EUA e a China derrubam soja e algodão

Após alguns dias de otimismo, os mercados de commodities
agrícolas em Chicago e Nova York voltaram a registrar quedas quase
generalizadas ontem. O movimento foi desencadeado pela prisão da diretora
financeira da chinesa Huawei, Meng Wanzhou. Autoridades do Canadá, a pedido dos
EUA, prenderam Wanzhou no sábado. A divulgação da prisão ocorreu apenas na
quarta-feira.

A detenção coloca em xeque um possível acordo entre China e
Estados Unidos para pôr fim à guerra comercial, segundo analistas. As duas
potências caminhavam para entendimento após encontro durante a reunião da
cúpula do G-20 no último fim de semana.

A executiva é filha do fundador da gigante de tecnologia
chinesa e recentemente emergiu como sua potencial sucessora. As informações são
de que a prisão teria ocorrido por questões relacionadas às sanções americanas
contra o Irã. Mas o grupo, com sede em Shenzhen, também tem sido foco de
preocupações em temas de espionagem empresarial.

A despeito das novas tensões, segundo análise do
Commerzbank, a China poderia comprar 10 milhões de toneladas de soja dos EUA no
curto prazo. O banco citou a empresa de pesquisa Shanghai JC Intelligence, que
afirmou que estatais como a Cofco e a Sinograin poderiam ser obrigadas a fazer
as compras. Elas teriam os 25% de tarifas reembolsados posteriormente.

“Havendo acordo ou não, os fundamentos são baixistas. A
safra americana não teve grandes problemas. No Brasil, o desenvolvimento das
lavouras segue satisfatório e na Argentina o plantio caminha bem”, afirmou
o analista do Itaú BBA, Guilheme Belotti. Ele observou, ainda, que a demanda
chinesa por soja está em retração em decorrência da febre suína no país.

Refletindo o mau humor do mercado, os contratos de soja com
vencimento em março caíram 0,38%, a US$ 9,22 o bushel em Chicago. Os papéis
chegaram a atingir a mínima de US$ 9,0975 durante a sessão de quinta. O mercado
de algodão também foi afetado. O produto dos EUA sofre taxação de 25% no
mercado chinês. Na bolsa de Nova York, os papéis para março caíram 2,55%, a
79,08 centavos de dólar a libra-peso. A queda foi intensificada pela baixa do
petróleo, que deixa as fibras sintéticas mais competitiva.

 

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