Há 6 anos expostos ao tempo, vagões do VLT se degradam; veja

Com uma manutenção anual orçada em cerca de R$ 4 milhões por ano e parados há seis anos, os 280 vagões do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) apresentam problemas visíveis, que vão desde pintura descascada até vidro quebrado.

Os trens estão estacionados, desde 2012, em um espaço que deveria ser o Centro de Manutenção e Operações do modal, ao lado do Aeroporto Marechal Rondon, em Várzea Grande. Para ter acesso a eles, é preciso percorrer uma estrada de chão localizada ao lado do terminal aeroportuário.

A reportagem do MidiaNews foi até o local nesta sexta-feira (28), durante uma vistoria feita por vereadores da Capital e de Várzea Grande à obra, e registrou que o meio de transporte apresenta problemas visíveis.

Vidro trincado, pinturas com falhas causadas pelo tempo, extintor de incêndio descarregado e dezenas de ferros enferrujados fazem parte da realidade atual do VLT. Além disso, desenhos feitos com os dedos nas janelas empoeiradas dos vagões dão a entender que a segurança do local pode estar comprometida.

O prédio, chamado pela assessoria do consórcio responsável pelo modal como “coração do VLT”, também não foi concluído.

Apenas o “esqueleto” do prédio está de pé. De longe, as vigas de ferro que compõem a estrutura do Centro de Manutenção já foram tomada por ferrugens, algumas mais profundas que outras. Um dos espaços também está repleto de água parada.

O lodo, o matagal e os restos de construção civil ocupam boa parte do “coração do VLT”. Os políticos que visitavam o local, inclusive, apelidaram-no de “cemitério”.

Custo do abandono

O modal, que existe em cidades da Europa e México, foi “vendido” no Estado como uma promessa de modernização do transporte público da Grande Cuiabá par a Copa do Mundo. Após consumir mais de R$ 1 bilhão dos cofres públicos, nunca chegou perto de ser concluído.

Um dos engenheiros da CAF Brasil Indústria e Comércio, multinacional que faz parte do Consórcio VLT, explicou que uma equipe realiza as manutenções nos vagões diariamente.

De acordo com ele, o fato de os veículos estarem expostos há anos sob sol e chuva não é um problema, já que foram construídos para suportar tais impactos.

Os vagões também precisam ser movimentados manualmente, já que as rodas não podem ficar totalmente paradas. Uma equipe de três profissionais participa dos trabalhos para manter os veículos “intactos”, segundo ele.

Apesar das manutenções diárias citadas pelo engenheiro, os vagões apresentam problemas e sinais de invasão.

Por dentro são espaços modernos e exalam “cheiro de coisa nova”.

Esperançoso com a possível retomada da obra, o engenheiro explicou que, quando o VLT estiver rodando pela cidade, os passageiros ainda poderão desfrutar de músicas do ritmo new wave. “Tudo que há de mais moderno”, afirmou o profissional.

Consórcio VLT

A assessoria do Consórcio VLT, composto pelas empresas CR Almeida, Santa Bárbara, CAF Brasil Indústria e Comércio, Magna Engenharia Ltda. e Astep Engenharia Ltda, informou, por meio de nota, que o modal é composto de equipamentos e materiais de “altíssima qualidade e durabilidade”.

A equipe também afirmou que o meio de transporte é fabricado para resistir às mais adversas condições climáticas, “do mais intenso frio europeu ao mais intenso calor cuiabano”. A vida útil do modal, de acordo com o consórcio, é de, pelo menos, 30 anos.

A manutenção tem sido custeada integralmente pelas empresas desde a paralisação das obras. A nota também ressalta que o ressarcimento não foi efetuado. 

Obras paradas

Inicialmente orçada em R$ 1,477 bilhão, as obras do VLT estão paradas desde 2012. O rompimento do contrato entre o Consórcio VLT e o Governo do Estado foi anunciado em dezembro de 2017. Entre os motivos, a realização da Operação Descarrilho, deflagrada pela Polícia Federal, em agosto daquele ano.

A operação investigou fraudes em procedimentos licitatórios, associação criminosa, corrupção ativa e passiva, peculato e lavagem de capitais que teriam ocorrido durante a escolha do modal do VLT e a execução da obra na capital mato-grossense.

O valor para a retomada das obras também foi uma das discordâncias para a retomada da obra.

Leia a nota na íntegra:

“O Consórcio VLT Cuiabá-Várzea Grande reafirma seu pleno interesse em retomar e concluir as obras do VLT, modal de transporte público moderno, seguro, de qualidade para uso da população. Temos a convicção de que terminar o VLT é a melhor solução para Mato Grosso e para os usuários do transporte coletivo.

O VLT é vetor de desenvolvimento regional, para uma transformação urbana em Cuiabá e Várzea Grande.

Todas as cidades que têm VLT avançaram significativamente em urbanismo, aquecimento econômico e qualidade de vida.

Sempre estivemos à disposição do contratante, governo do Estado, e demais autoridades públicas para esclarecimentos sobre os benefícios do projeto, sobre nossa atuação e para a construção de um entendimento em prol do interesse público em colocar o VLT em operação.

Fonte: https://www.midianews.com.br/cotidiano/ha-6-anos-expostos-ao-tempo-vagoes-do-vlt-se-degradam-veja/353929

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