O presidente da Associação de Moradores e Amigos da Gávea (Amagávea), Rene Hasenclever, afirmou que a decisão do governador Wilson Witzel de aterrar a estação de metrô da Gávea é “patética”. A medida foi antecipada pelo colunista do GLOBO Ancelmo Gois . A iniciativa custará entre R$ 20 e R$ 40 milhões, de acordo com informações da Secretaria estadual de Transportes, e foi motivada pelo custo para a conclusão da construção, estimada entre R$ 750 milhões e R$ 1 bilhão.
– É uma decisão patética. Ele só pode estar surtando. O que a gente precisa é terminar a estação do metrô. O Rio tem cultura do automóvel, não tem mais espaço para andar, não tem mais vias. Os moradores estão revoltados. Estamos tentando agendar uma reunião com o governador, vamos tentar agendar uma reunião com ele hoje ainda. Tem que concluir (a estação). Ele se vira, arruma dinheiro. Vá pegar dinheiro na Firjan, na Fecomércio, que a iniciativa privada dê dinheiro se o estado não tem. Tem que fazer o metrô. Esta cidade vai explodir. Ano que vem haverá evento de arquitetura, essas pessoas vão ficar na rua três horas para chegar a algum local. Hoje temos 35 mil táxis e 100 mil carros de aplicativo circulando pelo Rio de Janeiro. É um caos total. Com a Niemeyer fechada a Zona Sul para. Imagina se fechar o Rebouças amanhã. O cara é louco, simplesmente louco – criticou Hasenclever.
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“Tem que concluir (a estação). Ele se vira, arruma dinheiro. Vá pegar dinheiro na Firjan, na Fecomércio, que a iniciativa privada dê dinheiro se o estado não tem. Tem que fazer o metrô. Esta cidade vai explodir” – RENE HASENCLEVER, Presidente da Associação de Moradores e Amigos da Gávea
‘Quem dera tivéssemos metrô’
A aposentada Rosa Araújo, de 81 anos, acredita que o governo estadual deveria dar continuidade ao projeto.
– Quem dera tivéssemos o metrô. Vou no Centro com frequência e o deslocamento seria muito melhor se tivesse o metrô. A decisão (de não concluir a estação) está errada. O certo é fazer, e não desfazer o que já foi construído – argumenta a idosa.
O engenheiro agrônomo Pedro Freitas, de 66 anos, que se desloca diariamente para o Jardim Botânico, onde trabalha, defende que a estação fará falta para quem frequenta e mora no bairro da Zona Sul. Para ele, a decisão de aterrar a estação é o desfecho de uma novela com diversos erros:
– Vai fazer falta, mas é o que dá pra fazer. É uma situação complicada porque o metrô vem de gambiarra em gambiarra. O certo, pelo plano original, era a linha 1 do metrô ser circular. O projeto se desenvolveu errado, tentaram lucrar mais com a obra. Aterrar é só jogar a pá de cal nos erros anteriores.
Alheios à discussão sobre o custo e o benefício entre continuar com a obra ou encerrar definitivamente o projeto da estação, quem trabalha e frequenta o bairro lamenta a falta de opção de transporte. É o caso da doméstica Lúcia Bezerra, que mora na Rocinha e trabalha no bairro.
– Queria poder pegar o metrô lá (na Rocinha) e descer aqui. Seria mais uma opção. A gente acaba fazendo algumas compras aqui, vindo a banco. Para os moradores do bairro e do entorno faria muitos diferença. Em dias de chuva, como hoje por exemplo, seria melhor pegar o metrô que a van por causa do trânsito – compara Bezerra.
O ajudante de dentista Pedro Henrique Pereira, de 29 anos, lembra que, sem a opção do modal, o deslocamento no bairro acaba congestionando o trânsito:
– Às vezes, vou a muitos bairros diferentes, como Copacabana e Taquara. O metrô ajuda no deslocamento, mesmo que não me leve até o destino final. Sou obrigado a andar até a Bartolomeu Mitre para pegar o transporte, e em dia de chuva fica muito difícil. O jeito é enfrentar engarrafamento mesmo.
Procurada pela reportagem, a PUC-Rio, por meio de sua assessoria de imprensa, informou que é favorável à conclusão da obra da estação da Gávea.
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