O Sindicato dos Metroviários de São Paulo decidiu na madrugada desta terça-feira (28) suspender a greve que começaria nas primeiras horas da manhã. Em nova assembleia, realizada de forma virtual, os metroviários tomaram a decisão após receber uma ligação do secretário de Transportes Metropolitanos de São Paulo, Alexandre Baldy, retomando as negociações.
Em assembleia anterior, eles haviam decidido entrar em greve. A paralisação afetaria as linhas 1-azul, 2-verde, 3-vermelha e 15-prata do Metrô, administradas pelo estado. Os operadores das linhas 4-amarela e 5-lilás não costumam parar.
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De acordo com a Companhia do Metrô, todas as linhas passaram a operar integralmente às 7h30.
Apesar da suspensão da greve, parte das estações não reabriram no início da manhã porque muitos funcionários do turno da noite não foram para o trabalho. De acordo com o sindicato, houve um acordo para que esses metroviários não tenham o dia descontado. Apenas alguns trechos das linhas funcionavam em torno das 6h20.
Do lado de fora das estações, multidões esperavam a situação voltar ao normal, em aglomerações que contrariam as normas de segurança em meio à pandemia da Covid-19. O distanciamento social é uma das medidas indicadas para evitar a disseminação do novo coronavírus.
O rodízio de veículos continua suspenso, de acordo com a prefeitura, e a Zona Azul está liberada.
Antes da decisão de suspender a greve, a Justiça do Trabalho concedeu liminar ao Metrô determinando que houvesse 95% de funcionamento do serviço no horário de pico, entre as 6h e as 9h e entre as 16h30 e as 19h30. Nos demais horários, deveria funcionar 65% da operação em todas as estações.
Além disso, decidiu que deverão ainda ser observadas, durante o período de greve, as atribuições de cada funcionário, inclusive dos engenheiros, não se admitindo alterações objetivas do contrato.
Caso as determinações fossem descumpridas, o tribunal poderia aplicar multa diária de R$ 150 mil para o sindicato e R$ 500 mil para o Metrô.
Diante da notícia sobre a greve, a prefeitura da capital paulista decidiu suspender o rodízio de veículos na cidade durante o dia todo. Os corredores e faixas de ônibus, porém, continuam ativos. A prefeitura ainda não se manifestou após a suspensão da paralisação.
Os metroviários protestavam contra a recusa do Metrô em estender o acordo coletivo da categoria, que expiraria no fim de abril e que previa adicional noturno de 50% (a empresa propõe 20%) e hora extra paga em 100% (a empresa propõe 50%), entre outras garantias.
São medidas de um acordo construído há 40 anos, que o Metrô se recusa a negociar. Não atendeu nenhuma reivindicação, não dialogou com o sindicato, e a categoria ficou sem alternativa, afirmou o coordenador do sindicato, Wagner Fajardo.
De acordo com o sindicato, após o anúncio da greve o estado recuou e aceitou prolongar o acordo coletivo até abril de 2021. A proposta foi apresentada pelo Ministério Público do Trabalho e aceita pelas duas partes.
Na última semana, a empresa anunciou um corte de 10% nos salários. O que estava ruim, ficou pior, disse o sindicalista. Na live em que o sindicato anunciou a suspensão da greve, foi mencionada a possibiidade de os valores cortados serem devolvidos posteriormente.
Em rede social, o Metrô afirmou que acionaria seu plano de contingência para minimizar os transtornos à população, e lamentou a decisão do sindicato sobre a paralisação, que depois foi descartada.
Em entrevista à Folha no começo do mês, o secretário de Transportes Metropolitanos de São Paulo, Alexandre Baldy, afirmou que a situação financeira do Metrô tinha sido fortemente impactada com a queda na demanda em função da pandemia do novo coronavírus.
A secretaria prevê uma perda de receita de R$ 1 bilhão até o fim do ano. O problema não é só perda de passageiros, mas também o comércio fechado nas estações e as concessões de espaços como os shoppings Metrô Tatuapé, Itaquera e Santa Cruz.
Para economizar, Baldy afirmou que o governo estudava fechar três dos quatro prédios administrativos do Metrô, entre outras medidas.
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